O Panamá apresentou uma queixa formal à Nicarágua devido às atividades políticas do ex-presidente panamenho Ricardo Martinelli na embaixada nicaraguense, onde está asilado há 10 meses para evitar a prisão, informou nesta quarta-feira (11) o chanceler Javier Martínez-Acha.

"Na semana passada, convocamos a embaixadora da Nicarágua [Consuelo Sandoval Meza] e expressamos nossa preocupação com as manifestações que ocorrem dentro da embaixada", afirmou o chanceler panamenho em entrevista ao canal Telemetro.

Além disso, "pedimos à República da Nicarágua que, por favor, mantivesse a embaixada no papel que sempre deveria ter em relação ao asilo: apenas asilo, e não um foco de reuniões políticas", acrescentou.

Martinelli, de 72 anos, que governou o Panamá de 2009 a 2014, está asilado na embaixada desde 7 de fevereiro, após esgotar o último recurso judicial para evitar cumprir uma pena de quase 11 anos de prisão por lavagem de dinheiro.

Dentro da embaixada, ele expressa opiniões sobre assuntos panamenhos nas redes sociais e recebe visitas frequentes de aliados políticos.

"Já comunicamos à embaixadora o sentimento do governo do presidente [José Raúl] Mulino", declarou o chefe da diplomacia panamenha, ressaltando, no entanto, que "as redes sociais podem ser utilizadas no Panamá ou estando em qualquer outro país".

Após entrar na embaixada nicaraguense, Martinelli fez campanha para as eleições de 5 de maio em apoio a Mulino, que o substituiu como candidato após ele ser impedido de concorrer devido à sua situação judicial.

O governo panamenho anterior se recusou a conceder um salvo-conduto para que Martinelli viajasse à Nicarágua e apresentou queixas a Manágua por permitir que o ex-presidente de direita fizesse campanha em favor de seu sucessor político, Mulino.

Mulino, que venceu as eleições impulsionado pela popularidade do controverso ex-presidente, distanciou-se dele após assumir o poder, em 1º de julho.

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