O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, pediu nesta quinta-feira (12) ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que mantenha a ajuda que Washington oferece para deportar migrantes que atravessam a selva do Darién em sua rota para a fronteira americana.

"Estamos implementando ainda o programa de repatriações com base no memorando de entendimento que assinamos em 1º de julho com o governo do presidente [Joe] Biden e que, salvo melhor análise, acredito que deve ser mantido na administração Trump", disse Mulino em entrevista coletiva.

Sob este programa, que inclui um aporte de US$ 6 milhões (R$ 35,6 milhões, cotação atual) dos Estados Unidos, o Panamá deportou mais de mil migrantes em cerca de trinta voos para a Colômbia, Equador e Índia.

Mulino não deportou venezuelanos, que constituem a maioria dos migrantes no Darién, pois os aviões panamenhos não podem entrar no espaço aéreo da Venezuela, uma retaliação às críticas do Panamá à contestada reeleição do presidente Nicolás Maduro, em julho.

Mulino afirmou que a nova administração americana, que assumirá o poder em 20 de janeiro, "não pode ignorar, assim como o governo do presidente Biden não o fez", o problema migratório na selva do Darién, na fronteira entre Panamá e Colômbia.

O presidente panamenho garantiu que, até o momento, não teve "conversas formais" sobre o tema com a equipe de Trump, que ameaçou realizar a maior deportação de migrantes assim que tomar posse.

O Panamá e os Estados Unidos assinaram em 1º de julho, no dia em que Mulino assumiu o cargo, este acordo pelo qual Washington se comprometeu a pagar os voos.

A selva do Darién tornou-se um corredor para migrantes que, vindos da América do Sul, tentam chegar aos Estados Unidos.

Em 2023, mais de meio milhão de migrantes atravessaram esta inóspita floresta, onde enfrentam riscos como rios caudalosos, animais selvagens e grupos criminosos.

Até agora, em 2024, cerca de 300 mil pessoas cruzaram o Darién, 41% a menos que no mesmo período de 2023. Em novembro, cerca de 11 mil migrantes fizeram essa rota, uma redução de 50% em relação a outubro, segundo dados oficiais do Panamá.

O governo panamenho atribui essa queda à ajuda dos Estados Unidos para os voos e a outras medidas adicionais, como o fechamento de algumas trilhas na selva.

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