A Dinamarca libertou nesta terça-feira (17) o defensor de baleias Paul Watson após quase cinco meses de prisão provisória ao negar-se a extraditá-lo para o Japão, cuja Justiça o solicita por uma ação contra um baleeiro em 2010.

"Minha prisão chamou a atenção internacional para as contínuas operações de caça ilegal de baleias pelo Japão", disse em videoconferência com a AFP o ativista de 74 anos, de nacionalidade americana e canadense.

Watson foi preso em Nuuk, capital da Groenlândia, ilha autônoma que pertence à Dinamarca, em 21 de julho, após a retomada de um pedido feito pelo Japão em 2012, através de um alerta vermelho da Interpol. 

As autoridades japonesas o acusam de ser corresponsável por danos e lesões a bordo de um barco baleeiro japonês em 2010, durante uma campanha da organização Sea Shepherd. 

"Têm a audácia de me acusarem de algo menor. Meu verdadeiro crime foi denunciar suas operações ilegais", disse Watson, que quando foi preso em julho navegava com seu barco "John Paul DeJoria" para interceptar um barco baleeiro japonês. 

A Dinamarca justificou sua decisão pela duração de sua prisão e o tempo que levaria desde sua detenção à extradição, segundo a decisão consultada pelo AFP.

"O Japão tentou silenciar um homem cujo único crime é ter denunciado a ilegalidade do massacre industrial disfarçado de investigação científica", disse um de seus advogados, François Zimeray. 

Watson "poderá retomar seu ativismo pelo respeito à natureza, que também é uma luta pela humanidade e a justiça", acrescentou. 

- "A luta não terminou" -

Watson prevê voltar à França, onde vive sua família. "Isso é o que tenho em mente agora. E é bom estar lá antes do Natal, porque não os vejo desde junho".

"Porém, a luta não terminou", garantiu Jean Tamalet, do King & Spalding, um de seus advogados, explicando que vão impugnar o alerta vermelho da Interpol e a ordem de prisão japonesa "para garantirmos que o capitão Paul Watson possa viajar por todo o mundo novamente, com total serenidade".

Os advogados de Watson criticam em particular a possibilidade de erros do Judiciário japonês. Segundo François Zimeray, no "Japão, há presunção de culpabilidade". "Os promotores se orgulham de anunciar que têm uma taxa de condenações de 99,6%", afirmou. 

O governo da Dinamarca preferiu se distanciar.

"Esta decisão não significa que a Dinamarca compartilha com as preocupações manifestadas por alguns círculos sobre o sistema legal japonês e a proteção dos direitos humanos no Japão em relação a este caso específico", disse o ministro da Justiça dinamarquês, Peter Hummelgaard, em um comunicado. 

cbw/ef/an/pc/mb/jc/jb

compartilhe