O presidente americano, Joe Biden, sancionou, neste sábado (21), a lei aprovada pelo Congresso para financiar o governo até meados de março, informou a Casa Branca, evitando, assim, uma paralisação do orçamento federal às vésperas do Natal.

Após uma sequência tumultuada de vários dias, que contaram com o envolvimento do presidente eleito Donald Trump e do empresário Elon Musk, o Congresso aprovou por ampla margem a lei que evitou o chamado "shutdown", que teria enviado centenas de milhares de funcionários para casa sem pagamento durante a temporada de festas.

O texto inclui mais de 100 bilhões de dólares (R$ 607 bilhões) em ajuda para regiões americanas afetadas recentemente por desastres naturais.

A paralisação do orçamento teria resultado na demissão de aproximadamente 875 mil funcionários públicos e deixado sem remuneração 1,4 milhão de trabalhadores.

Também teria provocado o congelamento de ajudas sociais e o fechamento de jardins de infância, consequências muito impopulares, especialmente antes do Natal.

Na terça-feira, democratas e republicanos acreditavam ter evitado a paralisação quando o presidente da Câmara de Representantes, o republicano Mike Johnson, anunciou que as duas partes tinham chegado a um consenso para aprovar uma lei orçamentária.

- Musk e Trump entram em cena-

Mas o espírito natalino não durou muito: Elon Musk e o presidente eleito Donald Trump dinamitaram o acordo no dia seguinte.

"Matem o projeto de lei", escreveu o homem mais rico do mundo em sua rede social X, denunciando um nível de gastos que, segundo ele, levaria o país à "falência".

O CEO da SpaceX e da Tesla, nomeado para chefiar uma futura comissão de "eficácia governamental", foi apoiado poucas horas depois pelo presidente eleito, que classificou o acordo como "ridículo e extraordinariamente oneroso".

Sua oposição fez com que os responsáveis pelo acordo negociado por ambas as bancadas recomeçassem do zero.

Isso deu indícios de que o retorno de Trump à Casa Branca, até mesmo antes de sua posse em 20 de janeiro, não estaria longe do estilo adotado em seu primeiro mandato, que gerou momentos de caos.

A influência de Musk, o homem mais rico do planeta, sobre Trump tem sido alvo de críticas dos democratas, que questionam como um cidadão não eleito pode exercer tanto poder.  

Entre os republicanos também há vozes de discordância. "Na última vez que verifiquei, Elon Musk não tinha voto no Congresso", disse ao canal CNN o legislador republicano Rich McCormick, congressista pelo estado da Geórgia na Câmara de Representantes.

Como principal responsável pelas negociações, o presidente da Câmara, Mike Johnson, foi pressionado pelos democratas para retornar ao texto previamente negociado e também por alguns conservadores que pediam cortes orçamentários para compensar as novas ajudas.

- Críticas mútuas -

O novo plano votado na sexta não implica elevar o teto da dívida americana, embora Donald Trump tenha se posicionado contra o primeiro texto principalmente por este motivo.

Habitualmente prolixo na sua plataforma Truth Social, Trump permaneceu em silêncio sobre o novo projeto de lei. Johnson afirmou que manteve "contato constante" com o presidente eleito e que estava "satisfeito com o resultado".

Ele também disse que conversou com Musk, que elogiou no X o "bom trabalho" do "speaker" da Câmara para renegociar um orçamento menor.

Antes do resultado, cada partido atribuiu ao outro a responsabilidade por uma possível paralisação.

"É um problema que (o presidente Joe) Biden deve resolver", escreveu o presidente eleito na manhã de sexta-feira.

A porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, havia afirmado o contrário e alegou que correspondia aos republicanos "resolver a bagunça que eles criaram".

ft/aha/llu/nn/cjc/dga/ag/dbh/es/fp/mvv

compartilhe