O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, acusou nesta segunda-feira (23) o primeiro-ministro da Eslováquia, que visitou Moscou no domingo, de querer "ajudar" o presidente russo Vladimir Putin a obter dinheiro para financiar a guerra com Kiev, em um momento de tensão pelo trânsito do gás russo para a UE.

A Ucrânia, que enfrenta a invasão russa há quase três anos, anunciou durante o verão (hemisfério norte, inverno no Brasil) que não renovaria após o final do ano o contrato com Moscou para transportar gás russo para a Europa através de sua ampla rede de gasodutos.

O primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, um dos poucos líderes da UE que mantém relações cordiais com Putin e com um país muito dependente do gás russo, critica a decisão de Kiev.

Fico não quer encontrar soluções para substituir o gás russo e garantir "a independência energética" da Europa, acusou Zelensky.

"Parece que ele quer ajudar Putin a ganhar dinheiro para financiar a guerra e enfraquecer a Europa", escreveu o presidente ucraniano em uma mensagem na rede social X. 

"Perdemos pessoas por culpa da guerra iniciada por Putin. Pensamos que ajudar Putin dessa maneira é imoral", acrescentou.

O "objetivo principal" de Fico "é fazer negócios com a Rússia", denunciou o presidente ucraniano. "Por que este governante é tão dependente de Moscou?", questionou, antes de insinuar que Fico poderia estar sendo "pago".

Fico, que em outubro de 2023 voltou ao poder na Eslováquia, país membro da União Europeia e da Otan, ordenou a suspensão da ajuda militar à Ucrânia e apoia a abertura de negociações de paz para solucionar o conflito iniciado em fevereiro de 2022.

O primeiro-ministro eslovaco explicou no domingo que sua visita surpresa a Moscou foi "em resposta" à posição de Zelensky sobre o gás.

O líder ucraniano se pronunciou na quinta-feira contra um possível mecanismo de trânsito de gás russo comprado pelo Azerbaijão, uma das opções cogitadas.

Segundo Fico, Putin confirmou que estava disposto a "continuar abastecendo o Ocidente e a Eslováquia com gás, o que será praticamente impossível após 1º de janeiro de 2025".

Os dois líderes também conversaram sobre a invasão russa da Ucrânia e sobre a "possibilidade de uma conclusão rápida e pacífica" do conflito, acrescentou Fico.

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