Dois médicos e uma enfermeira da cidade síria de Douma, perto de Damasco, afirmaram ter sido pressionados pelo governo de Bashar al Assad a prestar falso testemunho em investigações internacionais sobre um bombardeio com cloro em 2018. 

Os três profissionais de saúde, que trataram os feridos em um hospital de campanha em Douma, disseram à AFP em uma entrevista exclusiva que, após o ataque de abril de 2018, foram convocados à sede da segurança nacional.

"Eles me disseram (...) que sabiam onde encontrar minha família", contou o cirurgião ortopédico Mohamed al Hanash. 

"Quando fui até o investigador, havia uma arma apontada para mim sobre a mesa", disse o especialista em emergência e cuidados intensivos Hassan Oyoun. 

Muwafaq Nisrin, 30 anos, que trabalhou como socorrista e enfermeiro em 2018, também admitiu ter escondido o que aconteceu. "Eu estava sob pressão, porque minha família mora em Douma (...) como a maioria das famílias da equipe médica", explicou. 

O ataque teve como alvo um prédio próximo ao hospital de campanha onde os três membros da equipe médica estavam trabalhando.

Pouco depois, um vídeo começou a circular na internet mostrando médicos atendendo os feridos, incluindo crianças, e um homem jogando água nos pacientes com uma mangueira.

O governo de Assad alegou que a filmagem era "falsa" e os serviços de segurança interrogaram as pessoas que apareciam no vídeo, incluindo a equipe médica entrevistada pela AFP. 

Em janeiro, a Organização para a Proibição de Armas Químicas acusou o governo pelo ataque, que deixou 43 mortos. 

Os investigadores disseram que havia "motivos razoáveis para acreditar" que pelo menos um helicóptero da força aérea síria havia lançado duas bombas de gás tóxico em Douma. 

Assad, no poder desde 2000, foi derrubado em 8 de dezembro por uma ofensiva relâmpago liderada por forças rebeldes islamistas.

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