O presidente eleito de Moçambique, Daniel Chapo, apelou nesta sexta-feira (27) à "não violência" e à "unidade" neste país do sul da África mergulhado desde segunda-feira em tumultos pós-eleitorais que deixaram uma centena de mortos. 

Daniel Chapo garantiu em comunicado que após a sua tomada de posse, em meados de janeiro, seria "o presidente de todos", independentemente das "suas preferências políticas" e que faria "de tudo para renovar Moçambique juntos". 

O candidato do partido Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), formação no poder desde a independência de Portugal em 1975, lamentou "a violência, a destruição da propriedade pública e privada, a morte de concidadãos", assim como "a obstrução de estradas, saques e roubos", observados durante quatro dias. 

Os protestos foram desencadeados após a confirmação, na segunda-feira, pelo Conselho Constitucional, da vitória da Frelimo nas eleições presidenciais de 9 de outubro, apesar das inúmeras irregularidades apontadas por observadores internacionais.

O Conselho Constitucional confirmou que Chapo obteve 65,17% dos votos, face aos 71% anunciados em outubro pela comissão eleitoral. 

Daniel Chapo, de 47 anos, indicou que as cidades mais afetadas são a capital Maputo e a vizinha Matola, assim como Beira, no centro, e o norte de Nampula. 

"Estes atos apenas contribuem para o declínio do país e para o aumento do número de moçambicanos que caminham para o desemprego e a miséria", sublinhou o ex-governador provincial, que dentro de algumas semanas liderará este país, um dos mais pobres e desiguais do mundo. 

O presidente eleito manifestou a sua "gratidão" aos cidadãos que "removem as barricadas, com o objetivo de voltar rapidamente a uma vida normal". Agradeceu ainda às "forças de defesa e segurança" por "mitigarem os efeitos nocivos desta polarização política".

Chapo também lamentou o impacto da violência na economia do país e nas suas empresas. 

"Em breve trabalharemos juntos para encontrar soluções para os problemas gerados por esta triste situação", afirmou. 

Mobilizado pela oposição, que denuncia eleições fraudulentas, o país está há dois meses imerso em manifestações, greves e bloqueios, que custaram a vida a mais de 250 pessoas, metade delas desde segunda-feira, segundo a ONG Plataforma Decide.

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