O Senado americano começa a examinar, nesta terça-feira (14), a equipe de governo de Donald Trump, um procedimento cheio de obstáculos para alguns, como Pete Hegseth, nomeado para chefiar o Pentágono, e mais livre para outros, como Marco Rubio, à frente da diplomacia.

Nos Estados Unidos, a Constituição exige que as nomeações de ministros e outros funcionários de alto escalão sejam confirmadas por uma votação no Senado, após uma audiência no comitê responsável pelo cargo. 

Pete Hegseth, um ex-major de 44 anos, será o primeiro a ser examinado. E, provavelmente, será bombardeado de perguntas por parte dos senadores democratas.

O anúncio da nomeação do apresentador da Fox News como secretário de Defesa provocou forte oposição. 

Ele é criticado por sua falta de experiência para comandar o exército mais poderoso do mundo e por algumas declarações polêmicas, como sua oposição à presença de mulheres nas tropas em combate. 

Uma denúncia de agressão sexual em 2017 na Califórnia também veio à tona. Nenhuma queixa foi registrada na época e o ex-militar nega ter tido uma relação não consentida.

- Um "vencedor" -

Ele também é acusado de consumo excessivo de álcool. 

Elizabeth Warren, do Comitê de Serviços Armados, descreveu Hegseth como "um cara que ficou tão bêbado em eventos profissionais que teve que ser levado para o lado de fora várias vezes". 

"Podemos realmente contar com a convocação de Hegseth às duas horas da manhã para tomar decisões de vida ou morte sobre a segurança nacional? Não", disse ela na rede social X. 

O escolhido para a pasta de Defesa só poderá contar com três votos contrários dos republicanos se todos os democratas e independentes se opuserem a ele. 

Hegseth declarou sua intenção de reformar o Pentágono de cima a baixo porque acredita que ele se tornou muito "woke", um termo usado para se referir ao defensores dos direitos das minorias frente ao racismo ou questões de gênero. 

Entre seus planos estão a demissão de alguns generais e a proibição do alistamento de pessoas transexuais. Trump o apoiou apesar da oposição que ele gera, pois afirma que ele é um "vencedor". 

- Lealdade -

O futuro presidente dos Estados Unidos já teve que lidar com a retirada forçada de Matt Gaetz, sua escolha inicial para o Departamento de Justiça, diante da oposição de muitos senadores, até mesmo do campo conservador. 

Em seu primeiro mandato, Trump confiou muito no establishment republicano para nomear homens e mulheres experientes para cargos importantes, mas desta vez optou por escolher pessoas que foram leais a ele ou financiaram sua campanha. 

Depois de Pete Hegseth, as audiências no Senado continuarão nos próximos dias e semanas. 

A escolha de Trump para o Departamento de Segurança Nacional, Kristi Noem, está agendada para a manhã de quarta-feira, assim como Pam Bondi para a Justiça e Marco Rubio, indicado como o próximo chefe da diplomacia americana. 

Outras nomeações polêmicas, como Robert F. Kennedy Jr. para o Departamento de Saúde e Kash Patel para o FBI, não são esperadas antes de fevereiro. 

A última vez que o Senado americano rejeitou a nomeação de um membro do gabinete foi em 1989. Naquela ocasião, George Bush Sr. teve que abrir mão de John Tower para chefiar o Pentágono devido a acusações de problemas com álcool e comportamento inadequado com mulheres.

Diferentemente daquela época, Trump agora possui maioria no Senado, logo, uma rejeição seria equivalente a um tapa na cara político.

Na terça-feira, o presidente eleito ficou furioso com a publicação de um relatório do promotor especial Jack Smith que afirma que se ele não tivesse sido reeleito, teria sido condenado por sua tentativa de anular o resultado da eleição de 2020.

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