O presidente do Conselho Europeu, António Costa, e o presidente da China, Xi Jinping, conversaram por telefone, nesta terça-feira (14), e mencionaram a possibilidade da realização de uma cúpula em 2025 pelos 50 anos das relações bilaterais.
"As duas partes confirmaram a importância das relações UE-China, e acrescentaram que o 50º aniversário das relações diplomáticas seria uma boa oportunidade para uma cúpula exitosa este ano", assinalou um funcionário europeu.
De acordo com a fonte, Costa e Xi "reafirmaram seu compromisso mútuo com uma ordem internacional baseada em regras e com o multilateralismo, e acordaram que o trabalho conjunto da UE e da China seria um sinal positivo para a paz, a estabilidade e a prosperidade mundiais".
A última reunião de cúpula das instituições da UE com o gigante asiático ocorreu em dezembro de 2023, em Pequim.
O telefonema ocorreu no mesmo dia em que a Comissão Europeia - braço executivo da UE - abriu uma nova área de tensões com a China, ao afirmar que Pequim discrimina equipamentos médicos em suas licitações públicas.
No ano passado, a UE já tinha imposto elevadas tarifas alfandegárias a empresas chinesas fabricantes de veículos elétricos, e o gigante asiático respondeu com medidas de represália sobre bebidas alcoólicas europeias.
Por isso, em sua conversa com Costa, Xi pediu uma "resolução mutuamente benéfica para a disputa sobre os veículos elétricos".
Costa respondeu que "a cooperação é preferível à concorrência", mas insistiu na necessidade de garantir a igualdade de condições e rebalancear os desequilíbrios comerciais e econômicos existentes".
Costa e Xi também abordaram a guerra na Ucrânia, e o titular do Conselho Europeu pediu ao presidente chinês que "contribua" para se alcançar uma paz "justa, integral e duradoura na Ucrânia".
- Tensões comerciais -
Nesta terça, o comissário europeu do Comércio, Maros Sefcovic, afirmou, em nota, que "a China está discriminando os produtores de dispositivos médicos da UE nas licitações para contratos públicos".
Embora o bloco europeu dê "prioridade ao diálogo como primeiro passo para encontrar soluções, estamos dispostos a tomar medidas decisivas para defender a igualdade de condições e apoiar a concorrência justa", acrescentou.
Um relatório de 12 páginas sobre investigações feitas pela Comissão ressaltou que as restrições chinesas "afetam todas as categorias de dispositivos médicos".
A UE mencionou a existência de "provas claras de que a China limita o acesso dos produtores europeus de dispositivos médicos a seus contratos governamentais de forma injusta e discriminatória".
Diante deste quadro, a UE analisará a possibilidade de adotar medidas de resposta à luz do Instrumento de Contratação Pública Internacional (IPI, na sigla em inglês), que busca fomentar a reciprocidade no acesso aos mercados de licitações.
Em sua nota desta terça-feira, a UE apontou que caso se determine que tais medidas "são do interesse da União Europeia, poderiam incluir uma restrição ou a exclusão dos licitantes chineses de contratos governamentais na UE".
Segundo a UE, as restrições adotadas pela China em suas licitações públicas afetam máquinas de raios-X e seus componentes, implantes e inclusive muletas ou aparelhos para pessoas com deficiência auditiva.
Há apenas uma semana, a China afirmou que a UE impunha barreiras injustas ao comércio e aos investimentos, embora o bloco europeu insista em que suas tarifas alfandegárias estão em linha com as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC).
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