A foto que se tornou um dos grandes símbolos da Segunda Guerra
A icônica imagem de Joe Rosenthal em Iwo Jima simbolizou o sacrifício militar dos EUA, gerou polêmica e inspirou monumentos, filmes e revisões históricas
compartilhe
Siga noJúlio Moreira
Em 23 de fevereiro de 1945, no auge da Batalha de Iwo Jima, o fotógrafo Joe Rosenthal, da Associated Press, registrou uma das imagens mais emblemáticas da Segunda Guerra Mundial. Sua fotografia, que mostrava seis soldados americanos erguendo uma bandeira no topo do Monte Suribachi, rapidamente se tornou um símbolo da vitória e do sacrifício militar dos Estados Unidos no Pacífico.
Publicada no dia seguinte nos principais jornais americanos, a foto teve um impacto imediato, despertando o patriotismo da população e sendo usada pelo governo em campanhas de arrecadação de fundos para o esforço de guerra. O sucesso da imagem foi tão grande que, ainda em 1945, Rosenthal recebeu o Prêmio Pulitzer, tornando-se o primeiro fotógrafo a ganhar a honraria no mesmo ano da publicação de sua obra.
No entanto, a fama da fotografia veio acompanhada de controvérsias. Logo após sua divulgação, começaram a circular rumores de que Rosenthal teria encenado o momento registrado. A confusão surgiu porque, depois de capturar a imagem icônica, o fotógrafo pediu que os soldados posassem para uma segunda foto, conhecida como Gung-Ho. Quando questionado por um editor sobre se a foto havia sido “montada”, ele, sem saber a qual imagem se referiam, respondeu afirmativamente, gerando uma polêmica que o perseguiu por anos. Posteriormente, uma investigação confirmou que o registro foi espontâneo e que Rosenthal apenas teve o reflexo de capturar o momento exato.
Outro detalhe que poucos conhecem é que a bandeira hasteada na foto não foi a primeira erguida naquele dia. Horas antes, um grupo de soldados já havia fincado uma bandeira menor no topo do Monte Suribachi. O Secretário da Marinha dos Estados Unidos, James Forrestal, quis levar o emblema como lembrança, o que levou os oficiais a ordenarem um novo hasteamento, agora com uma bandeira maior. Foi essa segunda bandeira que acabou sendo eternizada por Rosenthal.
A fotografia atravessou décadas como um dos registros mais importantes da Segunda Guerra. Transformou-se em selo, pôster e serviu de inspiração para o Monumento dos Fuzileiros Navais, no Cemitério de Arlington. Também foi tema de livros e do filme A Conquista da Honra (2006), dirigido por Clint Eastwood, que narra os impactos da fama sobre os soldados retratados.
Anos depois, a identidade dos combatentes na foto passou por revisões. Inicialmente, acreditava-se que John Bradley, um médico da Marinha, era um dos seis homens da imagem. No entanto, em 2016, uma investigação dos Fuzileiros Navais concluiu que o sexto soldado era, na verdade, Harold Schultz.
Rosenthal, que nunca buscou a fama, tornou-se parte da história ao capturar um momento que simbolizou o custo humano da guerra e o espírito de resiliência. Sua fotografia não apenas documentou um episódio da Segunda Guerra Mundial, mas definiu a forma como a batalha e seus combatentes seriam lembrados pelas gerações futuras.

OS HOMENS QUE HASTEARAM A BANDEIRA
Os seis fuzileiros navais americanos que hastearam a bandeira dos Estados Unidos no Monte Suribachi, em Iwo Jima, no dia 23 de fevereiro de 1945, foram:
1. Harold Schultz (Fuzileiro Naval)
2. Harlon Block (Cabo)
3. Franklin Sousley (Soldado de Primeira Classe)
4. Michael Strank (Sargento)
5. Rene Gagnon (Soldado de Primeira Classe)
6. Ira Hayes (Cabo)
Vale lembrar que essa foi a segunda bandeira hasteada no Monte Suribachi naquele dia. A primeira foi erguida por outro grupo de soldados. Três dos seis homens da foto — Strank, Block e Sousley — morreram ainda em combate em Iwo Jima. Os outros três, Hayes, Gagnon e Schultz, voltaram para os EUA e participaram de eventos de arrecadação de fundos para a guerra. A identidade dos homens na foto gerou polêmicas e revisões ao longo dos anos, com correções feitas pelo Corpo de Fuzileiros Navais após análises mais detalhadas da imagem.