Júlio Moreira

“Naquela noite, meu pai disse que não devíamos seguir a multidão e insistiu em atravessar o rio para o outro lado.


Essa decisão salvou minha vida. Caminhei a noite inteira sob um céu vermelho, e até hoje não suporto o som de sirenes.


No dia seguinte, vi o corpo carbonizado de uma mulher com o bebê dela ao lado. A criança parecia um pedaço de carvão. Depois de ver tanta morte, eu já não sentia mais nada.”

• Shizuyo Takeuchi, sobrevivente

“Na noite anterior ao meu aniversário de 6 anos, meu pai me acordou com o som dos alarmes. Corremos para um abrigo, mas estava cheio, então seguimos para outro lugar. No dia seguinte, soubemos que o primeiro abrigo havia sido consumido pelas chamas. Meu primo morreu lá, junto com quase 200 pessoas. Eu fui a única da minha turma de jardim de infância que sobreviveu.”

• Shizuko Nishio, sobrevivente

“Meu pai sobreviveu ao bombardeio e passou a vida inteira reunindo histórias de quem também sobreviveu. Quando ele morreu, eu assumi a missão de preservar esse legado. Sinto que é minha responsabilidade garantir que essas vozes não se percam com o tempo.”

• Ai Saotome, filha de um sobrevivente

“Vi o fogo se espalhar como se alguém estivesse derramando gasolina. A cidade inteira era uma tocha viva. Sabíamos que havia pessoas lá embaixo.”

• Tenente Richard Lineberger, piloto de B-29

“Fomos treinados para atingir alvos, não para pensar nas pessoas que viviam lá. Mas, naquela noite, não havia como separar uma coisa da outra.”

• Oficial de navegação de um B-29

“Fizemos nosso trabalho. Cumpri ordens. Mas, às vezes, penso nas crianças… e me pergunto se não fomos longe demais.”

• Comandante de esquadrão (em carta à família, 1945)

“Era como se você estivesse olhando para um vulcão. O calor subia até onde estávamos voando. Sabíamos que ninguém sobreviveria lá embaixo.”

• Piloto anônimo em entrevista para o Smithsonian Air and Space Museum

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