Entre todas as especialidades da medicina, existe uma que se dedica à prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças e lesões relacionadas ao trânsito terrestre, aquático ou aéreo. Trata-se da medicina do tráfego, que abrange a saúde de motoristas, pedestres, pilotos, passageiros, tripulantes, entre outros. 

Como explica o médico perito de tráfego Wilton Adriany, pós-graduado em medicina do tráfego e medicina do trabalho, essa área tem como objetivo reduzir o impacto dos acidentes por meio de exames médicos, campanhas de conscientização e estudos sobre o comportamento humano dos condutores ? a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que ocorram cerca de 1,19 milhão de mortes por ano no trânsito terrestre.

“A medicina do tráfego exerce uma influência significativa sobre os candidatos a condutores, pois avalia também sua aptidão física e mental para dirigir de forma segura. Exames médicos como testes de visão, audição e coordenação motora são realizados para identificar condições que possam comprometer a capacidade de conduzir um veículo”, detalha.

Além dos documentos relacionados à carteira nacional de habilitação (CNH), o médico perito de tráfego pode emitir outros documentos em contextos diversos. Laudos para isenção de impostos (no caso de condutores com deficiência física), de aptidão para motoristas profissionais (como taxistas e caminhoneiros) e de acidentes de trânsito são alguns exemplos.

“Esses documentos são importantes tanto para questões de adequação à legislação quanto para processos legais e administrativos relacionados ao trânsito”, esclarece Adriany, que hoje tem uma clínica em Macaúbas (BA), localizada a 642 quilômetros de Salvador (BA), e foi uma das primeiras da cidade a ser credenciada junto ao Departamento de Trânsito do Estado da Bahia (Detran-BA), facilitando o acesso da população da Bacia do Paramirim (composta por nove cidades) a serviços como exame pericial para obtenção e renovação da CNH e evitando que as pessoas precisassem se deslocar até outras regiões.

Aviação civil

Outra atuação da medicina do tráfego está na aviação civil, meio de transporte que exige uma série de procedimentos de segurança. Os médicos, nesse caso, são responsáveis por avaliar a aptidão física e mental dos pilotos, controladores de tráfego aéreo e outros profissionais essenciais à operação de uma aeronave.

“Além disso, o médico aeroespacial deve considerar fatores particulares do ambiente de voo, como a pressão atmosférica reduzida, a hipóxia e o estresse psicológico, que podem impactar significativamente a saúde dos profissionais”, diz o especialista, que também é médico perito certificado da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).

Ele acrescenta que “a avaliação não se restringe apenas à presença de doenças, mas também ao potencial de estas serem exacerbadas durante o voo. A prudência se traduz na capacidade de prever e mitigar riscos, baseando-se em um conhecimento profundo da fisiologia humana em condições extremas”.

Segundo Adriany, o médico pode ser ainda chamado para atuar em decisões periciais, ou seja, contribuir com o seu conhecimento para a avaliação de algum caso específico. Independentemente de qual seja a atuação, o especialista reforça a importância de adotar sempre um comportamento ético e imparcial no exercício da profissão.

“O médico aeroespacial deve ser imparcial em suas avaliações, evitando fatores externos que possam comprometer a objetividade. A recusa de habilitar um profissional inadequado, mesmo sob pressão, é um exemplo de como a prudência pode prevenir desastres e preservar a vida”, alega.

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