Ao pensar em cirurgia bariátrica, muitos logo a associam a questões ligadas à obesidade e ao emagrecimento. No entanto, uma técnica cirúrgica similar à bariátrica tem feito diferença na vida de muitos diabéticos. Trata-se da cirurgia metabólica, um procedimento cada vez mais reconhecido e utilizado para tratar pacientes com diabetes tipo 2 que não conseguem controlar sua condição através de medicamentos e alterações no estilo de vida.

Segundo o cirurgião digestivo e bariátrico, Dr. Leandro Nóbrega (CRM PB7689 | RQE 4906/6303), “o princípio por trás desta cirurgia é usar técnicas similares às da cirurgia bariátrica, que são originalmente destinadas ao tratamento da obesidade, para produzir mudanças metabólicas que ajudem a controlar os níveis de glicose no sangue”.

Dados do Vigitel 2023, do Ministério da Saúde, indicam que 10,2% da população adulta brasileira tem diagnóstico de diabetes. Considerando o Censo 2022, o Brasil tem mais de 203 milhões de pessoas. Ou seja, cerca de 20 milhões de brasileiros têm diabetes. 

De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), 90% dos pacientes diagnosticados sofrem de diabetes do Tipo 2. A SBD define que a diabetes Tipo 2 ocorre “quando o organismo não consegue usar adequadamente a insulina que produz (denominada resistência à ação da insulina), ou não produz insulina suficiente para controlar a taxa de glicemia”.

Quem pode fazer a cirurgia metabólica?

Antes de mais nada, é preciso diferenciar a cirurgia bariátrica da metabólica. A primeira tem como foco o emagrecimento a fim de evitar complicações de saúde causadas pela obesidade. Já a metabólica, apesar de também resultar na perda de peso do paciente, tem por objetivo auxiliar no controle da diabetes.

Dito isto, também é preciso ressaltar que o diagnóstico de diabetes tipo 2 não é o único fator determinante para um paciente se submeter à cirurgia metabólica. “A elegibilidade para a cirurgia metabólica geralmente inclui ter um diagnóstico de diabetes tipo 2, ser incapaz de controlar os níveis de açúcar no sangue de forma eficaz com medicamentos e mudanças no estilo de vida”, enumera o cirurgião.

Além disso, é preciso atender a outras exigências como ter o índice de massa corpórea (IMC) entre 30 e 35, ter entre 30 e 70 anos e possuir o diagnóstico de diabetes mellitus tipo 2 há, pelo menos, 10 anos. Além disso, o paciente precisa estar sendo acompanhado por um endocrinologista há, no mínimo, dois anos e apresentar um laudo médico indicando que ele não consegue controlar a diabetes com a adoção de métodos mais conservadores.

Como a cirurgia metabólica é feita?

A cirurgia metabólica é feita por procedimento laparoscópico, sem a necessidade de abrir por completo o abdome do paciente. O sistema digestivo é submetido a um bypass gástrico com reconstrução em Y-de-Roux. Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), neste procedimento, parte do estômago é grampeado a fim de reduzir o espaço para o alimento. Além disso, a parte inicial do intestino é desviada, afetando os hormônios responsáveis pela saciedade.

Em alguns casos, no entanto, pode ser feita uma gastrectomia vertical, que, como explica a SBCBM, “transforma” o estômago em um tubo, com capacidade de 80 a 100 mililitros.

“Diversos estudos têm mostrado que a cirurgia metabólica pode levar a uma remissão significativa do diabetes tipo 2, muitas vezes com resultados superiores aos obtidos com terapias convencionais”, finaliza o Dr. Leandro Nóbrega.

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