A crescente digitalização do setor financeiro aumentou significativamente o risco de fraudes sofisticadas, afetando tanto indivíduos como instituições, sendo um dos mais preocupantes o fenômeno das contas laranja. De acordo com o Relatório Global de Crimes Financeiros Nasdaq Verafin 2024, 47% dos profissionais que atuam no combate aos crimes financeiros consideram a atividade dos chamados “laranjas” como uma das principais ameaças ao sistema financeiro. No Brasil, dados divulgados ano passado pela Serasa Experian apontaram que mais de 1,6 milhão de consumidores poderiam ser considerados "laranjas”, e que a modalidade gerou prejuízo de R$ 2,5 bilhões ao setor em 2022.

Um “laranja” é alguém que facilita a lavagem de dinheiro movimentando fundos ilícitos por meio de sua conta bancária. Isso pode acontecer de forma consciente, quando há colaboração deliberada com uma rede criminosa, ou inconscientemente, quando se é induzido a emprestar a conta para criminosos ou ainda o caso de terceiros assumirem o controle da conta sem consentimento.

Segundo Rogério Freitas, da Lynx Tech, para detectar e prevenir fraudes e crimes financeiros, os estudantes e os jovens são especialmente vulneráveis a esse tipo de investida, uma vez que os criminosos oferecem frequentemente dinheiro fácil em troca dos seus dados bancários. Os fraudadores podem também oferecer empregos aparentemente legítimos ou remotos para remessas internacionais, transformando-os em “laranjas” sem que compreendam as graves consequências, que podem ir da exclusão financeira à prisão.

“As contas laranja são um elo crítico na lavagem de dinheiro e representam um risco significativo para as instituições financeiras e seus clientes. Muitos criminosos aproveitam situações financeiras ou pessoais para convencer as pessoas a usarem as suas contas bancárias para lavar dinheiro em troca de recompensas. Em contextos como a América Latina, onde este tipo de ofertas pode ser muito atraente para ganhar dinheiro com facilidade e rapidez, a educação e conscientização do cliente são essenciais para prevenir este tipo de crimes cada vez mais comuns”, afirma Rogério Freitas, diretor-geral da Lynx Tech no Brasil.

Para fazer frente às contas laranja, a Lynx Tech elaborou seis recomendações para evitar se transformar no titular de uma conta laranja:

1 - Proteger os dados pessoais: é importante ter certeza de que as informações pessoais e financeiras estejam seguras, além de não compartilhá-las on-line ou com desconhecidos. Os cibercriminosos podem usar dados comprometidos para criar identidades falsas e abrir contas com nomes de terceiros.

2 - Desconfiar de ofertas suspeitas: é preciso estar atento para evitar aceitar propostas que solicitem o uso da conta bancária para transferências de dinheiro a terceiros, principalmente se oferecerem recompensas pouco claras ou excessivamente atrativas.

3 - Monitorar as contas bancárias regularmente: analisar frequentemente os extratos e transações da conta em busca de qualquer atividade incomum ou não autorizada que possa indicar comprometimento da conta é fundamental.

4 - Utilizar autenticação multifator: a proteção das contas bancárias com autenticação multifator dificulta o acesso não autorizado e protege os dados contra possíveis fraudes.

5 - Denunciar atividades suspeitas: em caso de qualquer suspeita de atividade ilícita, é preciso denunciar imediatamente ao banco envolvido e às autoridades competentes.

6 - Verificar solicitações: antes de fazer qualquer transação em nome de outra pessoa, vale checar se a solicitação tem origem em uma fonte confiável. Contactar diretamente a entidade requerente pode confirmar a autenticidade do pedido.

“Para enfrentar a ameaça das contas laranjas, as instituições financeiras devem implementar estratégias de prevenção e monitoramento de fraudes em tempo real que aumentem a segurança dos seus utilizadores. A verificação rigorosa da identidade, o acompanhamento dos fluxos de dinheiro nas contas e a colaboração entre as equipes de segurança cibernética, fraude, AML e KYC são essenciais para identificar e impedir com eficácia atividades suspeitas. Além disso, compartilhar inteligência com outras instituições e autoridades reforça as defesas coletivas”, conclui Rogério Freitas.

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