O estudo apontou que apenas 32,5% da extensão tem estado de conservação bom ou ótimo. 
 -  (crédito: Reprodução Google StreetView)

O estudo apontou que apenas 32,5% da extensão tem estado de conservação bom ou ótimo.

crédito: Reprodução Google StreetView

Mais de 60% das rodovias brasileiras são classificadas como regulares, ruins ou péssimas, afirma levantamento feito pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) e pelo SEST SENAT divulgado nesta quarta-feira (29/11). O maior estudo sobre infraestrutura rodoviária avaliou 111.502 quilômetros de rodovias pavimentadas e constatou que apenas 32,5% da extensão tem estado de conservação bom ou ótimo.

Apesar de alto, o número de rodovias com problemas de conservação não mudou muito do ano passado para este. Em 2022, cerca de 66,0% da extensão da malha rodoviária era classificado Regular, Ruim ou Pésimo enquanto 34,0% era classificado como Ótimo ou Bom.

A classificação leva em conta três características: o pavimento, a sinalização e a geometria da via. Variáveis como condições do pavimento, das placas, do acostamento, de curvas e de pontes também são levados em consideração. Em 2023, a avaliação Regular, Ruim e Péssimo dessas características foi: 56,8% (Pavimento), 63,4% (Sinalização) e 66,0% (Geometria da Via), resultado também próximo do registrado em 2022 com 55,5%,60,7% e 63,9% respectivamente.

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De acordo com o presidente do Sistema Transporte, Vander Costa, o resultado do estudo confirma uma necessidade da manutenção dos investimentos que viabilizem a reconstrução, a restauração e a manutenção das rodovias. “Essas são ações que a agenda da Confederação enfatiza e amplia institucionalmente, no âmbito do poder público, especialmente no Executivo e no Legislativo”, ressaltou.

Aumento do custo

A pesquisa leva em consideração a larga utilização do transporte rodoviário no Brasil, que é responsável pelo deslocamento de 65% das cargas e de 95% dos passageiros. Em 2023, foi estimado que o aumento do custo operacional do transporte rodoviário de cargas, em razão da má conservação do pavimento das rodovias, foi de 32,7%. No ano passado, o percentual foi de 33,1%.

A CNT destaca que as rodovias que não estão em estado ideal de tráfego influencia também no preço do frete e dos produtos para o consumidor final. A má qualidade das rodovias aumenta o consumo de combustível fóssil e a emissão de gases.

Com os resultados da qualidade do pavimento, de 56,8% Regular, Ruim e Péssimo e 43,2% Ótimo ou Bom, o órgão estima que neste ano, 1,139 bilhão de litros de diesel será consumido de forma desnecessária pela modalidade rodoviária do transporte nacional. A queima dessa quantidade de combustível fóssil resultará na emissão de 3,01 milhões de toneladas de gases poluentes na atmosfera (MtCO2e).


É importante ressaltar que os investimentos em infraestruturas no Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2024 (PLOA 2024), sofreram uma redução de 4,5% no volume de recursos. Nesse cenário, o órgão visa um aumento no orçamento, por meio de emendas para intervenções prioritárias em 2024, considerando as prioridades do transporte e da logística.


Rodovias públicas e privadas

O estudo analisou o Estado Geral das rodovias por tipo de gestão pública e privada. O resultado foi que as públicas apresentam percentuais maiores de avaliações negativas, correspondendo a 77,1% da extensão das vias públicas. Enquanto, nas rodovias concessionadas, 64,1% da extensão é avaliada como Bom e Ótimo.

“A diferença nos resultados de classificação do Estado Geral para as malhas públicas e privadas evidencia como cada gestão trabalha o investimento nas rodovias. Enquanto as concessões estão sob o cumprimento de obrigações contratuais estabelecidas por parte dos agentes reguladores, o volume de investimentos por parte da gestão pública depende de agenda orçamentária e de prioridades estabelecidas pelo gestor”, comentou o diretor executivo da CNT, Bruno Batista.

Pontos críticos

O levantamento aponta também os principais pontos críticos das rodovias brasileiras como quedas de barreiras, erosões nas pistas, buracos grandes, pontes caídas e pontes estreitas. Essas questões influenciam a fluidez dos veículos e oferecem riscos à segurança dos usuários, aumentando a possibilidade de acidentes e gerando custos ao transporte.

Açaí 2.684 pontos críticos, sendo 207 quedas de barreiras, 5 pontes caídas, 504 erosões nas pistas, 1.803 unidades de coleta com buracos grandes, 67 pontes estreitas e 62 outros tipos de pontos críticos que possam atrapalhar a fluidez da via.