O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve na Base Aérea de Brasília, na noite dessa segunda-feira (13/11), para receber os 32 brasileiros resgatados da área de confronto, na Faixa de Gaza. Na recepção, o presidente condenou os atos do Hamas, mas também não poupou críticas à resposta militar de Israel.
“Se o Hamas cometeu um ato de terrorismo e fez o que fez, o estado de Israel também está cometendo vários atos de terrorismo ao não levar em conta que as crianças e mulheres não tão em guerra. Eles não tão matando só soldados, estão matando junto crianças e mulheres”, disse o presidente.
O presidente reforçou compromisso de resgatar todos brasileiros e familiares de brasileiros que estão na área de confronto. "A gente vai tentar fazer todo o esforço que estiver ao alcance da diplomacia brasileira para tentar trazer todos os brasileiros que lá estão e que queiram vir para o Brasil. Inclusive, alguns companheiros que tinham parentes não brasileiros eu pedi para trazer e a gente trataria de legalizar as pessoas aqui no Brasil", disse o presidente.
“Tem mais gente na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Enquanto tiver lista e possibilidade da gente tirar uma pessoa, mesmo que seja uma só, a gente estará à disposição para mandar buscar as pessoas. Não vamos deixar nenhum brasileiro ficar lá por falta de cuidado do governo”, acrescentou Lula.
O resgate foi feito no avião da Presidência da República, cedido para a missão. A lista de autorização de saída dos brasileiros e familiares contava com 34 nomes, no entanto, o Itamaraty informou que duas pessoas decidiram permanecer na Faixa de Gaza por motivos pessoais. O grupo que volta ao Brasil é composto por 17 crianças, nove mulheres e seis homens.
O primeiro a descer foi Hasan Habee, que ficou conhecido por vídeos que publicava nas redes sociais em que mostrava os momentos de angústia em Gaza. Após ser recepcionado por Lula, ele foi convidado pelo presidente a fazer uma declaração sobre a saída da área de confronto. “Boa noite. Queria agradecer ao presidente, governo federal, Força Aérea e Itamaraty. A gente ficou lá 37 dias, muito sofrimento. Às vezes passamos fome e sede. O que está acontecendo lá é um massacre. Minhas filhas ficaram muito chocadas lá. Na primeira e segunda semana a gente mentia, a gente falava que essas bombas (jogadas por Israel em Gaza) eram de festas de aniversário, mas a gente não conseguiu segurar por muito tempo”, acrescentou ele.
A previsão é que os 32 resgatados permaneçam em Brasília por cerca de 48 horas para atendimento médico e psicológico, antes de seguirem em um voo da Força Aérea para São Paulo. No Brasil, eles serão acolhidos e terão a documentação expedida.