uma mulher de 34 anos foi baleada no rosto por um policial militar na noite desta quarta-feira (6) dentro de um estabelecimento comercial da família dela na rua Dona Eloá do Valle Quadros, em Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo.

 

Daiane Cristina Santos, que trabalha como vendedora de flores, foi socorrida e levada para um hospital municipal da região, onde está internada. Segundo familiares disseram à reportagem, médicos que a atenderam disseram aos irmãos da vítima que ela perdeu a visão do olho direito. Disseram ainda que Daiane deverá ser transferida para outra unidade que vai avaliar a extensão dos ferimentos e a necessidade de cirurgia de reconstrução facial.

 



 

A reportagem pediu informações para a Secretaria Municipal da Saúde sobre o estado da vítima, mas a pasta não se manifestou.

 

Em nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) confirmou que o disparo foi feito por um PM. Segundo a pasta, uma equipe da Polícia Militar passava pela via, por volta das 20h, "quando viu o que seria um suspeito traficando drogas".

 

"Ao perceber a aproximação policial, o homem fugiu. Durante a ação, houve disparo da arma de um PM", acrescenta a SSP.

 

A secretaria chefiada por Guilherme Derrite afirmou também que o tiro acertou duas mulheres e se limitou a dizer que uma delas teria sido atingida de raspão. "Ambas foram socorridas, receberam atendimento médico e estão fora de perigo", disse a SSP.

 

A reportagem então questionou a pasta sobre o caso específico de Daiane, perguntando se a vítima de fato teria sido atingida de raspão. "Por ora, as informações que dispomos são as que já foram enviadas", respondeu a SSP.

 

De acordo com Edna Aparecida Santos, 57, mãe da vítima, a filha relatou que assistia a vídeos pelo celular, dentro da loja, quando foi atingida.

 

Conforme o relato de familiares, testemunhas tiveram que insistir aos PMs para que socorressem a vítima. Um vídeo mostra a mulher sendo amparada por outras pessoas enquanto um PM acompanha a ação a distância. Ela então é colocada por testemunhas dentro da viatura, que deixa o local com a sirene ligada.

 

"É mais um trabalhador que a polícia atinge. É mais um trabalhador que pela misericórdia de Deus não morreu, porque ela nasceu de novo. É mais uma mulher negra que sofre com essas coisas. É muito triste, porque a gente tem polícia para proteger a gente, não para matar a gente. E ultimamente eles só têm nos matado, matado os pais de família. Matam nossos filhos, nossas filhas, é o que está acontecendo", disse Edna à reportagem, chorando.

 

A SSP afirma que a arma do PM foi apreendida e passará por perícia. A Polícia Militar instaurou um Inquérito Policial Militar para apurar o caso.

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