A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, classificou como "vitória" o resultado do Censo 2022, que demonstrou que o Brasil se declara mais pardo do que branco.

"É uma vitória termos um Brasil que se reconhece como negro - e nunca é demais lembrar que pardos e pretos compõem a população negra do Brasil", escreveu ela no X (ex-Twitter), na tarde desta sexta-feira (22/12). "Que o passado onde imperava a vergonha e o disfarce da negritude seja cada vez mais distante em nossa história!"

De acordo com o censo, os pardos somam 92,1 milhões de habitantes, o que representa 45,3% de todos os brasileiros. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apresentou os dados de identificação étnico-racial do Censo nesta sexta na sede do bloco afro Olodum, em Salvador, capital do estado com maior população preta do país.

Além de Anielle, outros políticos comentaram os resultados da pesquisa. Para o deputado estadual Carlos Minc (PSB-RJ), o levantamento mostra que o mais importante "é combater todas as formas de racismo e desigualdade. Também, implementar com mais força a nossa lei que determina o ensino das culturas afro-indígenas nas escolas."

Para Minc, a divulgação dos resultados é uma forma de aumentar a cultura e combater o preconceito, "pelo menos a parte que é ligada à desinformação, e também prestigiar maioria da nossa população". "Você vê história contada por brancos, com heróis brancos, com religiões brancas e isso, hoje em dia, é minoria da população", escreveu ele também no X.

Por fim, ele disse que é preciso também combater a desigualdade da renda, na terra e nos cargos. "Vamos tirar toda a consequência desse dado do IBGE."

Pará tem a maioria

Ainda de acordo com o IBGE, o Pará é o estado que concentra a maior população de pessoas pardas do Brasil. A deputada estadual Lívia Duarte (PSOL-PA) comentou que "há anos que o Brasil é majoritariamente negro. Agora, sabemos que pardos são o maior grupo demográfico."

Assim como Minc, ela destacou que os dados são essenciais para "pensarmos políticas públicas que diminuam as desigualdades sociais".

Desde 2000, o percentual de pessoas no Brasil que se identificam como pretos e pardos aumentando de forma gradativa. Em 2010, tornaram-se juntos a maior parcela da população -50,7%, ante os 47,7% que se declaravam brancos.



No censo atual, a tendência de ascensão se manteve, e os dois grupos continuaram como maioria. No recenseamento passado, pardos eram 43,1% da população, enquanto pretos, 7,6%.

Hoje, o percentual da população que se reconhece como preta subiu para 10,2% - o que representa cerca de 20,6 milhões de pessoas. A variação desse percentual foi de 42,3%, a segunda maior ao longo da última década, atrás apenas do aumento da população indígena, que cresceu 89% entre 2010 e 2022.

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