Depois de muita cobrança nas redes sociais, o perfil de notícias ‘Choquei’ se defendeu das acusações de que teria incitado ódio contra Jessica Canedo. A página divulgou, no começo da semana, que a jovem de 22 anos teria um romance com o influenciador Whindersson Nunes. A garota recebeu uma série de comentários negativos em seus perfis e acabou se suicidando nessa sexta-feira (22/12).

O perfil, criado por Raphael Sousa, divulgou um comunicado oficial na tarde deste sábado (23/12). O texto é assinado pela advogada Adélia de Jesus Soares. Em resumo, a página nega ter qualquer culpa pela morte de Jessica e defende que exerceu a liberdade de expressão.

"Reforçamos nosso compromisso em agir com diligência e responsabilidade. O perfil Choquei (@choquei) por meio de sua assessoria jurídica, vem esclarecer a seus seguidores e amigos que não ocorreu qualquer irregularidade na divulgação das informações prestadas por esse perfil. Cumpre esclarecer que não há responsabilidade a ser imputada pelos atos praticados, haja vista a atuação mediante boa-fé e cumprimento regular das atividades propostas”, diz um trecho da nota publicada nas redes sociais.

O boato envolvendo Jessica começou com prints falsos de uma conversa entre ela e Whindersson, postados pela primeira vez na página Grotox do blog e replicados por diversos perfis, entre eles o Choquei. Tanto ela quanto o influenciador negaram qualquer relação, porém os posts sobre o suposto romance só foram apagados após a morte da garota.

“Em relação aos eventos que circulam nas redes sociais e que foram associados a um trágico evento envolvendo a jovem Jessica Vitória Canedo, queremos ressaltar que todas as publicações foram feitas com base em dados disponíveis no momento e em estrito cumprimento das atividades habituais decorrentes do exercício de direito à informação. O compromisso deste perfil sempre foi e será com a legalidade, responsabilidade e ética na divulgação de informações dentro dos limites estabelecidos na Constituição Federal. Por fim, reafirmamos nosso respeito pela intimidade, privacidade, bem-estar e pela integridade”, finaliza a nota.

Mas o pronunciamento não agradou as redes sociais, que pedem a responsabilização do responsável pela Choquei por ter agido em prol dos ataques. “O perfil de fofoca CHOQUEI precisa ser processado pelos crimes de calúnia, difamação e indução ao suicídio, entendeu?”, disse um perfil. “Espero que derrubem a conta e nunca mais volte”, desejou outro.

“Vocês são os responsáveis pela morte dessa menina! Um absurdo fazer qualquer comentário sem a permissão ou verdade! Nojentos! Assassinos”, apontou outro comentário. “Esses caras merecem o pior. #ChoqueiMata”, comentou outro.

O caso de Jessica foi usado de exemplo pelo Ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, para defender a regulação das redes sociais. “Tragédias como esta envolvem questões de saúde mental, sem dúvida, mas também, e talvez em maior proporção, questões de natureza política. A irresponsabilidade das empresas que regem as redes sociais diante de conteúdos que outros irresponsáveis e mesmo criminosos (alguns envolvidos na política institucional) nela propagam tem destruído famílias e impossibilitado uma vida social minimamente saudável”, publicou no X.

“A regulação das redes sociais torna-se um imperativo civilizatório, sem o qual não há falar-se em democracia ou mesmo em dignidade. O resto é aposta no caos, na morte e na monetização do sofrimento”, finalizou.

Jovem sofria depressão severa

Conforme relatado pela mãe de Jessica, Inês Oliveira, a jovem sofria de depressão e passava por vários problemas. Ela pediu para que os internautas parassem de atacar a filha, uma vez que ela já havia tentado suicídio algumas vezes anteriormente.

Whindersson Nunes, que negou qualquer ligação com Jessica, disse ter ficado perplexo com o “massacre público” sofrido pela jovem. “Estou extremamente triste. Voltei ao dia em que perdi meu filho. Que ninguém passe pela dor de enterrar um filho", disse, em referência à mãe da garota.

O influenciador já falou abertamente também sofrer de depressão, promovendo serviços de promoção de saúde mental. Ele ainda repudiou o linchamento virtual que ocorre, principamente, nas redes sociais.

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