O proprietário da página de fofocas “Choquei”, Raphael Souza, prestou depoimento à Polícia Civil de Minas Gerais, nesta quinta-feira (28/12), no inquérito que apura as circunstâncias que levaram à morte de Jéssica Vitória Canedo. A jovem de 22 anos foi encontrada morta na última sexta-feira (22/12) em Araguari, no Triângulo Mineiro. A polícia investiga a possibilidade da garota ter sido induzida ao suicídio, depois de virar alvo de publicações da página de fofocas, que possui mais de 22 mil seguidores, que a apontaram como novo relacionamento do comediante Whindersson Nunes.

Leia: Após morte de jovem, ‘Choquei’ diz não incitar ódio à mineira e desagrada web

O boato envolvendo Jessica começou com prints falsos de uma conversa entre ela e Whindersson, postados pela primeira vez na página Grotox do blog e replicados por diversos perfis, entre eles o Choquei. Tanto ela quanto o influenciador negaram qualquer relação, porém os posts sobre o suposto romance só foram apagados após a morte da garota.

Em nota publicada nas redes sociais da “Choquei”, Raphael explicou que prestou esclarecimentos ao delegado e que apresentou documentos que “contribuem para elucidar o episódio” e “dar real dimensão do papel” da página no caso. Um dia depois que a morte da jovem foi informada pelos seus familiares, o site divulgou um comunicado oficial negando ter qualquer culpa pelo óbito e defendendo que exerceu a liberdade de expressão.



Na ocasião, a página afirmou que todas as publicações haviam sido feitas “com base em dados disponíveis no momento e em estrito cumprimento das atividades habituais decorrentes do exercício de direito à informação”. Além disso, a nota esclareceu que o compromisso do perfil é com a “legalidade, responsabilidade e ética na divulgação de informações dentro dos limites estabelecidos na Constituição Federal”.

Nesta quinta-feira, a empresa explicou que foi alvo de uma fake news, publicada por outro perfil das redes sociais e que “provas sobre o fato gerador da notícia falsa” foram entregues à Polícia Civil. “Foram disponibilizadas imagens de diálogos que mostram os procedimentos adotados assim que a falsidade foi descoberta, como retirada imediata do conteúdo falso republicado”, se defendeu a “Choquei”.

Responsabilização

O primeiro pronunciamento do perfil de fofocas não agradou as redes sociais. Desde a morte de Jessica usuários pedem a responsabilização do responsável pela “Choquei” por ter agido em prol dos ataques. Em vídeo divulgado pela Polícia Civil, na terça-feira (26/12), o delegado responsável pelo inquérito Felipe Oliveira Monteiro, afirmou que a investigação apura se houve o suicídio da jovem teria sido induzido, instigado ou auxiliado.

“Se ficar constatado que a Jéssica foi vítima de eventual crime contra a honra, é possível que a gente faça o desmembramento do inquérito policial para que instaure uma outra investigação, a depender da manifestação de vontade da família da vítima", disse.

O caso também foi usado de exemplo pelo Ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Sílvio Almeida, e o comediante Whindersson Nunes, outra vítima da fake news, para defender a regulação das redes sociais.

“Tragédias como esta envolvem questões de saúde mental, sem dúvida, mas também, e talvez em maior proporção, questões de natureza política. A irresponsabilidade das empresas que regem as redes sociais diante de conteúdos que outros irresponsáveis e mesmo criminosos (alguns envolvidos na política institucional) nela propagam tem destruído famílias e impossibilitado uma vida social minimamente saudável”, publicou o ministro em seu perfil do X, antigo Twitter.

Leia: Whindersson quer criação de lei em nome de jovem morta por fake news

"Iniciar um movimento para ver se contribui para a gente criar uma lei chamada Jéssica Vitória para aprimorar a legislação brasileira nesse negócio que está acontecendo agora, que é esse jornalismo não oficial. Que isso é muito perigoso. Tem gente que tem muito seguidor e diz que não é uma coisa oficial, mas é uma coisa que impacta de verdade", declarou Whindersson.

Procure ajuda

Caso você tenha pensamentos suicidas, procure ajuda especializada como o CVV e os Caps (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade. O CVV funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil.

compartilhe