O advogado Rodrigo Marinho Crespo foi morto a tiros ontem em frente ao escritório onde trabalhava, no centro do Rio de Janeiro.
Crespo tinha 42 anos e era sócio-fundador de escritório com foco em direito empresarial. Ele era formado na PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) e também tinha pós-graduação em Direito Civil Empresarial pela FGV (Fundação Getulio Vargas).
Áreas de atuação do escritório incluem Direito do Entretenimento e Jogos e mercado de criptoativos. A descrição sobre o primeiro tema, no site do escritório, informa atividades em segmentos como loterias estaduais e consultoria para implantação de operações relacionadas a jogos que possuem amparo legal, como corridas de cavalos e torneios de pôquer. Crespo escreveu há um mês no LinkedIn que costumava falar ali sobre regulamentação do mercado brasileiro de jogos lotéricos e registro de apostas.
Advogado não trabalhava na área criminal. Em consulta aos processos no Tribunal de Justiça do Rio, a reportagem não encontrou registros de trabalhos dele em processos desta competência desde que ele terminou a faculdade de direito, em 2005. Ele estava em situação regular junto à OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e, além do Rio, tinha cadastros suplementares em São Paulo, no Rio Grande do Sul e no Espírito Santo.
Ele atuava em "processos corriqueiros", disse a vice-presidente da OAB-RJ. "Não atuava na área criminal. Um advogado conhecido, de um escritório prestigiado do Rio de Janeiro, sem aparentemente nenhum problema que pudesse gerar essa barbaridade, essa violência da qual ele foi vitima", disse Ana Tereza Basilio a jornalistas na noite de ontem.
O que se sabe sobre o caso
A vítima tinha saído do escritório para comprar um lanche. Câmeras de segurança mostram que um carro branco parou ao lado do advogado e um homem encapuzado desceu e fez os disparos. O advogado teria sido chamado pelo nome antes de ser alvejado. Depois que Crespo caiu na calçada, já ferido, o assassino ainda fez uma sequência de disparos contra ele.
Crime tem características de execução. Além da quantidade de disparos - a Polícia Militar encontrou 11 cápsulas no local -, nenhum pertence do advogado foi levado. Os criminosos fugiram, e a Delegacia de Homicídios investiga o caso.
O crime ocorreu a poucos metros da sede da seccional fluminense da OAB. Na avenida Marechal Câmara funcionam ainda o Ministério Público do Rio de Janeiro e a Defensoria Pública do Rio de Janeiro.
OAB e entidades lamentam assassinato e cobram respostas. Em nota, a seccional do Rio de Janeiro da Ordem informou que seu presidente, Luciano Bandeira, acompanha o desenvolvimento do caso e está em contato com o secretário de Segurança Pública do estado, Victor César dos Santos. O IAB (Instituto dos Advogados Brasileiros) se solidarizou com a família do advogado e pediu as autoridades rápida apuração do crime.