Quase um terço (31%) das mulheres mineiras já sofreu algum tipo de violência doméstica ou familiar provocada por um homem. Entre elas, 23% foram alvo de agressões nos últimos 12 meses. E 61% das entrevistadas acham que o Brasil é um país machista. Esses dados são estatisticamente semelhantes aos do levantamento nacional e fazem parte da Pesquisa Estadual de Violência contra a Mulher, que integra o 10º Mapa Nacional da Violência de Gênero, produzido pelo Senado.

Pela primeira vez, o levantamento traz números por estados, coletados a partir de pesquisas de opinião feitas pelo DataSenado, instituto do Senado, e concluído no fim do ano passado. Os resultados do estudo foram regionalizados, indicando que os índices são uniformes em todo território nacional. O levantamento aponta que a percepção feminina majoritária (62%) é a de que o Brasil é um país “muito machista”.

A pesquisa foi apresentada ontem pelas deputadas e senadoras da Comissão Permanente Mista de Combate à Violência contra a Mulher no Congresso Nacional, durante audiência que também discutiu as denúncias de exploração sexual de meninas na Ilha de Marajó (PA). O objetivo, de acordo com a senadora Zenaide Maia (PSD-RN), procuradora especial da Mulher no Congresso, foi ouvir as brasileiras sobre aspectos relacionados à desigualdade e violência de gênero no país. Nesta edição, a mostra foi ampliada para 21,7 mil mulheres acima de 16 anos.

De acordo com os dados de Minas, em relação ao tipo de violência sofrida, a mais recorrente no estado é a violência psicológica. Das mulheres entrevistadas, 88% afirmam ter sido alvo de violência psicológica doméstica ou familiar provocada por homem, seguida de violência física (75%) e moral (73%). O levantamento indica também que boa parte das vítimas do estado, a exemplo do que ocorre no Brasil, sofreu a primeira agressão ainda muito jovem. Para 31%, a primeira ocorrência se deu quando tinham até 19 anos de idade.

Colocando Minas Gerais em evidência, os números apontam que 68% das mulheres afirmam que uma amiga, familiar ou conhecida já sofreu algum tipo de violência doméstica ou familiar. Os tipos de violência sofridos pela pessoa conhecida são dos mais variados, e as mais recorrentes são a física (89%), a psicológica (88%) e a moral (81%).



A pesquisa também buscou estudar agressões que, embora sofridas pelas mulheres, podem não ser prontamente reconhecidas como tais. Com esse objetivo, todas as entrevistadas, incluindo as que não declararam ter sofrido violência doméstica ou familiar, foram apresentadas a uma lista de 13 situações de violência, como insultos e ameaças feitos por alguém de relação íntima ou familiar, e perguntadas se vivenciaram alguma delas nos últimos 12 meses.

Também foi investigado o grau de conhecimento e a percepção sobre os instrumentos de proteção às mulheres. O levantamento mostra que 69% das mulheres de Minas conhecem pouco sobre a Lei Maria da Penha e que na percepção de 52% delas a legislação protege apenas parcialmente contra a violência doméstica e familiar.

Entre as mineiras, o serviço de proteção mais conhecido (92%) são os prestados pela Delegacia da Mulher, mas a maioria (70%) afirma conhecer pouco sobre as medidas protetivas a que tem direito.

Entre as agredidas no estado, 38% buscaram algum tipo de assistência à saúde e 79% afirmaram não conviver mais com a pessoa que as agrediu. O levantamento também revela que 48% das cidadãs mineiras consideram que as mulheres às vezes são tratadas com respeito no Brasil.

O mapa foi selecionado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para apresentação na 68ª Comissão sobre a Situação das Mulheres (CSW), que será realizada em Nova York, em 14 de março, mês do Dia Internacional das Mulheres (8 de março). (com Ana Mendonça)

 

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