Vinicius Antunes se passou de piloto de avião e, agora, finge ser um doutorando pesquisando fake news -  (crédito: Instagram / @cacofonias)

Vinicius Antunes se passou de piloto de avião e, agora, finge ser um doutorando pesquisando fake news

crédito: Instagram / @cacofonias

Por que as pessoas se levantam quando o avião pousa, mas o desembarque ainda não foi autorizado? Existe mesmo paraquedas dentro das aeronaves? É de bom tom aplaudir o piloto após a decolagem? Essas e outras perguntas foram respondidas pelo piloto Caco, que conquistou as redes sociais. Mas, na verdade, tudo não passava de uma mentira.

 

 
 
 
Ver essa foto no Instagram
 
 
 

Uma publicação compartilhada por Vinicius Cacofonias (@cacofonias)

 

Depois de um mês de conteúdos sobre aviação, ele publicou um novo vídeo, revelando que tudo não passava de um estudo para seu projeto de doutorado, em que analisa como as pessoas acreditam nas fake news. Acontece que isso também é mentira.

 

 

Caco, na verdade, se chama Vinicius Antunes. Ele é humorista e roteirista, tendo participado de programas como o ‘Zorra’, da TV Globo, e o ‘Sensacionalista’, do Multishow. Ao Estado de Minas, ele contou que, a princípio, a ideia não era enganar ninguém. Era apenas uma atividade de uma de suas oficinas sobre conteúdo para a internet. “Como trabalho junto com os alunos, eu tive essa ideia de fazer o piloto. E a priori não era nada para as pessoas acharem que era piloto, né? Só que, logo no começo, me assustou porque as pessoas não entenderam como uma piada e sim com uma realidade mesmo”, afirmou.

 

 

No primeiro vídeo, Vinícius nem aparecia. Era apenas uma imagem da cabine do avião e a fala do humorista, como se estivesse se comunicando com os passageiros. O post teve mais de 18 milhões de reproduções. Foi aí que ele teve a ideia de fazer um acordo com seus seguidores: se eles topassem dar dinheiro para a fantasia, ele ia começar a aparecer nas imagens. Os conteúdos eram levados para a sala de aula. Mas, com o tempo, ele se cansou.

 

Ele agora precisava de uma forma inteligente para encerrar o personagem de forma épica. “Se eu falar que eu estudo sobre fake News todo mundo vai gostar, então vai ter a virada da virada. Aí eu inventei essa tese de doutorado que ela não existe. Vamos começar a estudar. Pronto. Já embarcou em outro assunto e é um assunto que eu sei fazer bem”, declarou.

 

 

 

Mas não é tudo 100% mentira. Ele de fato faz parte de uma pesquisa na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, mas na área de letras. “Esse linguajar de fato eu conheço. A UERJ aqui perto de casa, né? Eu fui para UERJ falei como se fosse um doutorando e as pessoas aceitaram melhor esse final aí. Até o próximo passo, mas elas esquecem e já embarcam em outra coisa”, explicou.

 

Vinicius diz que deu algumas pistas para os seguidores perceberem que a história da pesquisa é mais uma pegadinha. “Geralmente quem conta uma história que não é verdadeira precisa dizer que a história é verdadeira, quando você fala uma verdade você não fica ‘mas é verdade’. Então assim “conheça a verdade do piloto” tem uma linguagem sensacionalista já no começo, então o uso dessa própria estratégia para convencer as pessoas também”, reflete.

 

Realidade das fake news

 

Mesmo sem existir de fato uma pesquisa, Vinicius vê no caso uma oportunidade para refletir sobre como as pessoas são suscetíveis a acreditar em notícias falsas. Esse é um fenômeno que ele começou a observar a anos. “Eu já tenho uma reflexão há muito tempo com isso. Por exemplo, no impeachment da Dilma, eu tinha feito um personagem que se chamava “repórter chileno”, em que eu faço um repórter que vai às ruas entrevistar as pessoas para saber do Brasil, baseado na premissa que as pessoas se sentem mais à vontade de falar para um repórter internacional, porque ele não saca de Brasil. A partir disso, já tinha essa reflexão assim muito antes de se falar em fake News, de como as pessoas falavam e acreditavam em qualquer coisa”, pontua.

 

A diferença para o caso de 2024 é que ele não se preparou para enganar as pessoas. “Quando eu criei, não tinha a menor intenção. E eu vi que quando as pessoas querem acreditar em qualquer coisa, você nem precisa induzi-las acreditar. Era tão fake no começo, que eu ficava brincando com os alunos: ‘Agora a gente vai achar o limite’”, brinca.

 

 

Ele conta que foi até um shopping do Rio para tirar fotos com imitações de monumentos famosos, mas deixando aparente que se tratava de algo “tosco”. “Cada coisa absurda assim, você vê que a gente tem um déficit de formação muito grande, que não é culpa das pessoas, né? Porque assim quando você bota uma Torre Eiffel que atrás tem uma loja de shopping e as pessoas não percebem, diz muito sobre a formação educacional do Brasil. Somado a essa coisa, veio essa vontade de as pessoas acreditarem mesmo no que tá ali querendo propagar. Uma coisa que eu trabalho muito com os alunos é essa coisa da figura de credibilidade, quando você é uma influência, né? Essa aparência do real é muito importante”, explica.

 

Ainda como piloto, Vinicius chegou a dar uma entrevista de uma hora falando sobre aviação, usando um rolo de papel alumínio para dar um ar tecnológico para passar credibilidade. Ele também foi chamado para dar uma entrevista sobre fake news. O roteirista ainda afirma ter sido convidado para publicar um artigo sobre o tema em uma revista acadêmica.