O médico brasileiro Victor Sorrentino, que foi preso no Egito após assediar a vendedora de uma loja no país africano, em 2021, teve o registro profissional suspenso temporariamente. A acusação é que o homem viola artigos do Código de Ética Médica. A decisão foi publicada pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro na última segunda-feira (25/3).

 

A decisão, válida por 30 dias, não tem relação com a prisão. Já que é reflexo de um processo originado no Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul em 2019. Victor teria violado os artigos 18, 35, 68 e 112 do Código de Ética Médica e está impedido de exercer a profissão até o dia 23 de abril.

 

A medida está, de acordo com decisão transitada em julgado, em grau de recurso no Conselho Regional de Medicina, oriunda da regional gaúcha, publicada no Diário Oficial da União em 8 de setembro de 2023. Em consulta ao site do órgão regulatório, o médico aparece com o registro suspenso definitivamente em São Paulo.

 

A suspensão temporária no Rio de Janeiro também consta no site. No entanto, o número de registro efetuado na regional fluminense consta como regular.

 

Os artigos violados por Sorrentino tratam de responsabilidade profissional, relação com pacientes e familiares, remuneração profissional e publicidade médica. O artigo 18 cita “desobedecer aos acórdãos e às resoluções dos Conselhos Federal e Regionais de Medicina ou desrespeitá-los”. Já o 35, “Exagerar a gravidade do diagnóstico ou do prognóstico, complicar a terapêutica ou exceder-se no número de visitas, consultas ou quaisquer outros procedimentos médicos”.

 

O artigo 68 considera falta de ética “ Exercer a profissão com interação ou dependência de farmácia, indústria farmacêutica, óptica ou qualquer organização destinada à fabricação, manipulação, promoção ou comercialização de produtos de prescrição médica, qualquer que seja sua natureza”. Por fim, o artigo 112 aponta “Divulgar informação sobre assunto médico de forma sensacionalista, promocional ou de conteúdo inverídico”.

 



 

Victor Sorrentino é dono de um perfil com mais de 1 milhão de seguidores no Instagram. Em sua biografia, ele se apresenta como “médico funcional integrativo, escritor, professor e palestrante”. O médico ficou conhecido por seus conteúdos voltados para quem deseja ter uma vida mais saudável física e mentalmente.

 

Ele chegou a anunciar soros e defendeu o tratamento precoce contra a Covid-19. Atualmente, é dono de uma plataforma de cursos chamada “Vida & Saúde”. No site do projeto, consta um depoimento do padre Fábio de Melo. “Eu fiquei muito impressionado com a capacidade do Dr. Victor Sorrentino de tornar o conhecimento científico dele acessível a nós”, diz o texto.

 

Prisão


Em maio de 2021, Sorrentino foi detido por conta de um vídeo em que constrange uma vendedora egípcia. “Vocês gostam mesmo é do bem duro, né?”, disse ele, em português, enquanto a mulher lhe mostrava um papiro. Depois, em tom de deboche, ainda afirma: “E comprido também fica legal, né?”. Sem entender o idioma, a atendente responde “sim”, enquanto ele e os amigos riem.

 

Na época, o Ministério Público do Egito declarou que a atitude do médico violou os princípios e valores familiares da sociedade egípcia e desrespeitou a vida privada da vítima ao expor sua imagem na internet. Na época, ele excluiu o vídeo e fez uma nova publicação, pedindo desculpas e dizendo que foi “uma brincadeira”. Sorrentino foi libertado em junho de 2021, após a vendedora aceitar um pedido de desculpas do médico.

 

Com a divulgação do ocorrido, internautas resgataram um vídeo de 2014, em que Sorrentino debocha de uma mulher, na Austrália. Nas imagens, a mulher repete as palavras que o homem ditava, formando a frase “Eu vou transar com ele, muito”. Na sequência, o médico diz que depois “vai despachá-la”.

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