Os dois detentos que fugiram da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, encontraram um cenário um pouco diferente ao retornarem ao sistema prisional, após ficarem 50 dias em fuga. Ao longo das últimas semanas, o governo federal adotou uma série de medidas para reforçar a segurança. Houve mudanças na estrutura física da unidade prisional, além de remanejamento de pessoal. Nesta sexta-feira, a demissão de Humberto Gleydson Fontinele, diretor afastado do presídio, foi publicada no Diário Oficial. Ele estava fora das funções desde 14 de março.

 

 

No interior do presídio, foram trocadas as grades que prendem as luminárias — espaço usado pelos dois criminosos para sair das celas. Além disso, policiais penais receberam cursos, e detentos foram transferidos.

 

 

Houve alterações também nas demais unidades do sistema penitenciário federal. A Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) informou que muralhas estão sendo construídas nos cinco presídios de segurança máxima existentes no país. Os sistemas de câmeras para monitoramento dos detentos também estão sendo reforçados. Deibson Nascimento e Rogério Mendonça fugiram da Penitenciária Federal de Mossoró em 14 de fevereiro.

 

Mais de 500 policiais, inclusive de grupos de elite, foram mobilizados na tarefa de recaptura. Mesmo assim os fugitivos conseguiram deixar as redondezas da penitenciária e se deslocar por quatro estados, chegando até o Pará, onde deixariam o país na tentativa de fugir das autoridades. As investigações da Polícia Federal repassadas ao Ministério da Justiça apontam que eles receberam ajuda de comparsas do Comando Vermelho, facção criminosa da qual fazem parte.

 

Após identificar que a dupla não estava mais em Mossoró, a PF iniciou um trabalho de inteligência para recapturar Deibson e Rogério. Eles foram detidos em cima de uma ponte, na cidade de Marabá (PA). O local foi escolhido pelos investigadores para evitar fugas, inclusive pelo rio. Um dos criminosos estava portando um fuzil, mas não atirou contra os policiais ao ver que estava cercado.

 

 


  

Investigação

 

A Polícia Federal vai manter as investigações em andamento. O objetivo é identificar quem auxiliou os fugitivos e se existe risco de que outros detentos tentem escapar para receber aporte da mesma facção. Os detentos recapturados vão ficar em celas separadas, sem contato um com o outro. Enquanto tentavam se esconder, os dois homens receberam uma série de transferências via Pix, além de contar com transporte terrestre, a fim de se afastar o máximo possível das áreas de buscas. As prisões ocorreram a mais de 1,6 mil quilômetros do local da fuga.

 

As suspeitas são de que criminosos de quatro estados — Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Ceará e Pará — se envolveram no esquema para facilitar a fuga. As apurações também tentam descobrir a motivação e por que ocorreu um aporte tão grande por parte da facção. A dupla recebeu celulares e dezenas de chips para se comunicar com os demais envolvidos.

 

Fugitivos de penitenciária federal em Mossoró são recapturados no Pará

EBC

 

O objetivo era trocar de chip todos os dias para evitar monitoramento por parte das autoridades. No entanto, a Polícia Federal conseguiu captar o sinal de antenas de celular e registrar as ativações frequentes de novos números em um trajeto que seguiu do Rio Grande do Norte até o Pará. Ao mesmo tempo, a Polícia Rodoviária Federal se juntou ao trabalho de investigação.

 

 

Agentes de inteligência da PRF acessaram sistemas de câmeras de trânsito tanto de rodovias federais quanto de estradas estaduais e municipais. Por meio das imagens, foi possível ver um comboio com três veículos seguindo a rota suspeita. Em um deles, modelo Polo de cor branca, estavam os dois criminosos. Os automóveis estão em nome de pessoas aparentemente comuns, sem ligação com o crime. No entanto, não foram registrados como roubados.

 

Os dois detentos foram condenados por tráfico, assalto e por integrar organização criminosa. No caso de Deibson, ele também tem uma condenação por homicídio. Eles são considerados presos de alta periculosidade, devido à influência que detêm na facção à qual pertencem e ao poder de mobilização de outros grupos criminosos.

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