O dia 23 de abril é especial para os devotos de São Jorge. A data celebra a vida da santidade religiosa para os católicos, mas que também tem influência em outras religiões. Isso porque ele é associado a Ogum, orixá reconhecido na Umbanda e no Candomblé.

 

Venerado tanto pela Igreja de Roma quanto pela Ortodoxa, São Jorge representa a força de Deus na luta em favor dos povos excluídos e marginalizados. Sua imagem é representada por um homem com uma lança em cima de um cavalo branco.

 

 

Segundo o Vaticano, Jorge nasceu na Capadócia, na Turquia, por volta do ano 280, em uma família cristã. Na Palestina, se tornou um soldado do Império Romano. Ele já estava no exército quando o imperador decretou que os cristãos fossem perseguidos. Foi então que o soldado doou todos os seus bens aos pobres e, diante de Diocleciano, rasgou o documento e professou a sua fé em Cristo. Por isso, foi torturado e decapitado.

 

 

Após sua morte, sua fama como “protetor dos cristãos” se espalhou. No século XIII, o santo foi protagonista do livro "Lenda Dourada", que reunia histórias contadas sobre o santo e alguns causos sobre seus feitos extraordinários. Em um dos capítulos, a Capadócia era dominada por um dragão, que contaminava os rios e exigia jovens virgens para acalmá-lo. Quando a filha de um rei foi enviada para o sacrifício, São Jorge foi junto para protegê-la. Segundo a lenda, ele matou o dragão, cortando-lhe a cabeça.

 



 

Durante as Cruzadas, a figura de São Jorge passou de mártir para Santo guerreiro, já que a derrota do dragão foi comparada com a submissão do Islamismo à religião cristã. Ele passou a ser o padroeiro dos cavaleiros, soldados, escoteiros, esgrimistas e arqueiros e costuma ser invocado contra a peste, a lepra e as serpentes venenosas.

 

 

Sua popularidade cresceu após a Inglaterra instituir, em 1348, a “Ordem dos Cavaleiros de São Jorge”. No Brasil, é considerado um santo muito popular, especialmente no Rio de Janeiro. No estado fluminense, hoje é feriado e dia de festa.

 


Ogum

 


O dia 23 de abril também celebra Ogum, orixá do ferro e da guerra. A divindade é relacionada ao santo católico, mas são santidades diferentes. Enquanto São Jorge nasceu na Turquia, Ogum é um homem preto nascido no que hoje corresponde à Nigéria, na África.

 

 

A história das duas divindades se cruza no Brasil, quando negros escravizados precisavam dizer que eram católicos, fazendo uma associação entre os santos católicos e seus orixás. A prática, chamada de sincretismo religioso, acabou mesclando elementos das duas crenças, dando origem às religiões de matriz africana que existem hoje.

 

 

O orixá também é cultuado em outros países, como Haiti e Cuba. Na África, Ogum é considerado o ferreiro dos orixás, ligado à guerra e à agricultura. Em algumas histórias, diz-se que foi uma das primeiras divindades a chegar à Terra para a criação. Outras lendas afirmam que ele foi um humano, celebrado após sua morte, como o santo católico. No Brasil, a escravidão fez com que Ogum perdesse a ligação com a agricultura.

 

 

O sincretismo religioso é diferente em outras partes do país. Na Bahia, por exemplo, São Jorge foi relacionado a Oxóssi, que representa o conhecimento e as florestas. Mas, no Rio, a associação se tornou mais íntima, fazendo com que, na prática, Ogum e São Jorge sejam vistos como um só. Para celebrar as divindades, é uma tradição fluminense fazer feijoadas para ofertar ao orixá. No entanto, em território africano, a iguaria oferecida é o inhame-cará ou o feijão torrado.

 

 

Durante a Guerra do Paraguai (1864 e 1870), soldados negros pediram proteção para Ogum, que passou a ser considerado guardião desses homens. Ele é especialmente lembrado após a vitória brasileira na Batalha de Humaitá, com a tomada da fortaleza paraguaia de mesmo nome.

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