A defesa do delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, suspeito de planejar a morte da vereadora Marielle Franco, afirmou que o cliente disse nunca ter estado com os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão.
Os advogados disseram que Rivaldo Barbosa só encontrou os irmãos Brazão após ser preso. "Nas três visitas, o que ele disse: 'Olha nos meus olhos. Eu nunca estive com essas pessoas. A primeira vez que vi essas pessoas foi no avião vindo comigo para Brasília'. Ele deixou muito claro para a gente isso", afirmou o defensor Marcelo Ferreira de Souza, em entrevista à GloboNews, nesta terça-feira (30).
Rivaldo também teria dito que entregou o telefone para a Polícia Federal. O advogado frisou que não há ligação entre o cliente e irmãos presos em operação da Polícia Federal por mandarem matar a vereadora Marielle Franco. "Eu entreguei meu telefone para Polícia Federal, com todas as senhas, pode olhar lá, não tem nenhuma conversa com nenhum deles", disse o delegado, segundo a defesa.
A defesa afirmou que Rivaldo Barbosa está "sedento para falar" e pede que ela seja ouvido pela Polícia Federal. "Ele ainda não foi ouvido. Rivaldo foi preso dia 24 de março e somente no dia 24 de abril, um mês depois, é que chegou até ele o relatório da Polícia Federal, a manifestação da PGR e a decisão do ministro. Está sedento para falar", disse Marcelo Ferreira de Souza.
Segundo o advogado, o delegado não tem noção da repercussão do caso. "Na primeira visita que fiz a ele, dia 9 de baril, comentei com ele. Ele se manteve sempre surpreso, perplexo (...) Embora a gente tivesse passado para ele a informação, só caiu a ficha de verdade quando ele leu [relatório da PF]. E ele falou para mim, 'Marcelo, estou sendo acusado de homicídio, é isso mesmo?' Rivaldo não tem noção da repercussão aqui fora", ressaltou.
O delegado não cogita fazer uma delação premiada, segundo a defesa. "Nunca cogitou delação [premiada] porque não tem crime nenhum por parte dele, mas tem muitas informações importantes para passar. Informações em relação ao que ele entende por estar inserido nesse contexto. E não em relação à investigação (...) Ele tem muito a colaborar nesse sentido". A defesa explicou que Rivaldo quer falar sobre questões internas da Polícia Civil, que envolvem o vazamento da investigação em 2018, e sobre grupo rivais que queriam estar na posição dele, na época que assumiu a investigação.
O delegado é acusado de participar do planejamento do crime. Segundo relatório da corporação, ele atrapalhou as investigações das mortes de Marielle e do motorista Anderson Gomes. Barbosa assumiu cargo na Polícia Civil um dia antes dos assassinatos. Ele foi nomeado pelo então interventor federal na segurança pública do Rio de Janeiro, o general Braga Netto.
Em relatório enviado ao Ministério Público em 2019, a Polícia Federal apontou Barbosa como suspeito de receber R$ 400 mil para evitar o avanço das investigações sobre autoria. O delegado negou o recebimento de propina e a obstrução do caso, mas segundo a delação do ex-PM Ronnie Lessa, foi ele quem garantiu a impunidade do crime.