FOLHAPRESS - O Rio Grande do Sul registrou um total de 55 mortes em decorrência das fortes chuvas e enchentes até este sábado (4/5), sexto dia do temporal que já atingiu mais da metade do estado. Enquanto prefeitos das cidades no entorno de Porto Alegre pedem que moradores deixem suas casas, o presidente Lula (PT) voltará ao estado neste domingo (5/5) para acompanhar de perto a crise.
Ao longo do dia, o governo estadual chegou a informar que havia 57 mortos, mas depois revisou o número. Entre as 55 mortes oficialmente confirmadas, há ainda sete que estão em investigação para determinar se tiveram relação direta com as chuvas.
Cidades como Canoas e São Leopoldo, na região metropolitana da capital, vivem um cenário de caos, com áreas alagadas que só podem ser acessadas por barcos e famílias que estão isoladas aguardando por resgate.
O Aeroporto Internacional Salgado Filho amanheceu com as pistas alagadas e foi fechado por tempo indeterminado. O nível do rio Guaíba chegou à maior altura de sua história, ultrapassando os cinco metros, e o transbordamento pode perdurar pelos próximos dias.
De acordo com a Defesa Civil, 317 municípios foram afetados pela enchente histórica. Ao todo, há 13.324 desabrigados, sendo acolhidos em alojamentos cedidos pelo poder público e 69.242 desalojados. Um total de 510.585 pessoas foram afetadas pela tragédia, e 107 ficaram feridas. Além disso, há 74pessoas desaparecidas.
Pela manhã, órgão informou que há 350 mil imóveis sem energia elétrica no estado e falta abastecimento de água para 441.120 clientes da empresa Corsan. O número de domicílios sem água quase dobrou entre a noite de sexta e a manhã desta sábado, segundo os boletins do governo.
Porto Alegre
A prefeitura de Porto Alegre interrompeu a operação de quatro das seis estações de tratamento de água da cidade e projeta um cenário de racionamento para os próximos dias. Em entrevista à RBS TV, o prefeito Sebastião Melo (MDB) informou que o desligamento ocorreu para evitar que os equipamentos fossem danificados.
Ao longo de todo o dia, helicópteros foram utilizados para retirar famílias que estavam nos telhados de suas casas nas áreas mais afetadas na região metropolitana de Porto Alegre. Pacientes ficaram isolados no segundo andar do Hospital de Pronto Socorro de Canoas, de onde foram retirados por socorristas das forças de segurança.
Canoas
Na cidade de Canoas, a prefeitura informou que há mais de 50 mil pessoas em áreas de risco afetadas. A prefeitura conclamou aos moradores que cedam barcos e atuem como voluntários da Defesa Civil no resgate das famílias.
Toda a região oeste da cidade deveria ser esvaziada, segundo o prefeito Jairo Jorge (PDT). Ônibus para o deslocamento dos moradores das áreas de risco foram disponibilizados, e cerca de 3.000 pessoas estão em abrigos.
O desastre ambiental também afeta a telefonia em partes do estado. A operadora TIM informou que 63 municípios estavam sem serviços de telefone e internet. O problema atingia clientes da Vivo em 46 cidades, e da Claro em 19 municípios.
As aulas foram suspensas nas 2.338 escolas da rede estadual. Quase 200 mil alunos foram impactados. Um total de 224 escolas tiveram sua estrutura danificada pelas consequências da chuva.
Temporais
Em todo o estado, os temporais também provocaram também danos e alterações no tráfego nas rodovias estaduais gaúchas. Segundo a última atualização, eram 128 trechos em 68 delas, com bloqueios totais e parciais, entre estradas e pontes.
Segundo o governo gaúcho, duas barragens estavam em situação de emergência, com risco iminente de romperem. Uma delas é a usina hidrelétrica 14 de Julho, na divisa dos municípios de Cotiporã e Bento Gonçalves,
Comitiva presidencial
Na visita deste domingo, o presidente Lula deve levaruma comitiva de nove ministros, incluindo os titulares da Fazenda, Fernando Haddad, da Saúde, Nísia Trindade, e do Desenvolvimento Social, Wellington Dias. O presidente deve se reunir novamente com o governador gaúcho, Eduardo Leite (PSDB).
Lula esteve em Santa Maria, na região central do estado, na quinta-feira (2) e retornou para Brasília no mesmo dia. Neste domingo, o presidente deve acompanhar os estragos na região a partir de Porto Alegre, que tem sido tomada pelas águas do Rio Guaíba.
As chuvas devastaram cidades do Rio Grande do Sul também chegaram a Santa Catarina e ao Paraná, causando outras três mortes. Ao longo do sábado, continuou chovendo em boa parte da região, embora com menor intensidade.
No domingo (5), chuvas moderadas a fortes ainda devem continuar na região das Missões, centro do estado, vales, no entorno da capital e no litoral norte, com acumulados entre 15 mm e 35 mm, também devido ao fluxo de umidade que vem do norte do país. Nas demais regiões, há condição para chuva fraca.