Além do apoio dos órgãos de defesa civil dos estados, um movimento de pilotos e empresários donos de helicópteros direciona ajuda para os municípios arrasados pelas enchentes provocadas pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul. De acordo com a Associação Brasileira de Pilotos de Helicóptero (Abraphe), já são 20 aeronaves de asas rotativas prestando ajuda na frente de socorro e outras aguardam uma janela de tempo melhor para reforçar essa missão.

 


"É um movimento espontâneo, que surgiu entre os pilotos e empresários de diversas áreas econômicas do Brasil em solidariedade ao Rio Grande do Sul. Há áreas lá onde apenas os helicópteros e barcos podem realizar o socorro ou entregar comida, água, medicamentos, produtos de limpeza e higiene", afirma o presidente da Abraphe, Thales Pereira.

 

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Ainda segundo ele,  a mobilização vem crescendo nos últimos dois dias superando os movimentos ocorridos em outras tragédias como os deslizamentos em Santa Catarina, rompimento de Brumadinho, chuvas no litoral norte de São Paulo. "Na Agrishow, em Ribeirão Preto, tivemos uma grande concentração de aeronaves de vários setores como o agronegócio e de lá mesmo partiram aeronaves voltadas ao auxílio ao Rio Grande do Sul", conta Pereira.

 


"O helicóptero é fundamental nesse tipo de missão, pois leva as tripulações de paramédicos ou equipes incumbidas de resgates. Cumpre uma missão de fazer o reconhecimento, observar as construções submersas ou ameaçadas com animais e pessoas que precisam de auxílio, fazendo os resgates dessas vítimas. Só o comando aéreo de São Paulo realizou mais de 30 resgates em condições de tempo muito ruins. As estradas estão alagadas, as pontes caíram e a ajuda só pode chegar de helicóptero ou de barco", afirma o presidente da Abraphe.

 




O coronel Carlos Júnior atuou pelo Comando de Aviação do Estado (ComAvE) entre os coordenadores do resgate aéreo em Brumadinho, após o rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, em 2019. Ele  avalia que o Rio Grande do Sul reúne características diferentes da tragédia mineira e deve quebrar o recorde de operação simultânea de helicópteros para uma missão de resgate que, naquela época, chegou a ser de 35 aeronaves.

 


"Em Brumadinho a esperança de resgate de pessoas vivas era muito pequena e os helicópteros auxiliaram mais na logística das equipes de resgate nas áreas de difícil acesso por causa dos rejeitos, bem como no resgate dos corpos das vítimas. No Rio Grande do Sul vivemos uma corrida contra o tempo para salvar famílias ilhadas e pessoas que lutam pela sobrevivência nos telhados de casas ou locais onde conseguiram escapar das inundações", destaca o coronel.

 


Presidente da Abraphe, Thales Pereira, afirma ter recebido apoio da ANAC. Segundo ele, os helicópteros são fundamentais nessa operação

Arquivo Pessoal

 

Outra preocupação que o militar demonstra é quanto à logística dessa operação de resgate. "Em Brumadinho tivemos um grande esforço da Aeronáutica auxiliando no controle das aeronaves, tendo também uma logística própria de combustível. Tudo isso precisa funcionar no Rio Grande do Sul para que os pilotos e os helicópteros possam se concentrar nos salvamentos e no suprimento. O pior lá, por enquanto tem sido mesmo a chuva, sobretudo no interior, nas áreas serranas, onde o teto para voar está muito baixo por causa das chuvas que não param", afirma o coronel Carlos Júnior.

 


O presidente da Abraphe, comandante Thales Pereira, afirma que a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) entrou em contato com a associação dando apoio à iniciativa dos pilotos e proprietários de helicópteros nessa missão de socorro. "Tudo está sendo coordenado pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul. São eles que organizam as missões e deslocam as aeronaves para as áreas onde são mais necessárias", explica.

 


De acordo com o presidente da entidade de pilotos, a questão de logística e de combustível está sendo organizado pela Força Aérea Brasileira e pelas forças que enviaram aeronaves, como as polícias de Minas Gerais, Sã Paulo e Santa Catarina, entre outras. "Hoje e amanhã vão ser fundamentais para a operação, porque se prevê uma janela de bom tempo, mas que será seguida da chegada de mais três frentes frias que trarão mais chuvas. Portanto, será vital um emprego de recursos nessa janela", avalia Pereira.

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