FOLHAPRESS - Roupas rasgadas, meias sem par, toalhas com manchas. Em meio ao estado de calamidade pública no Rio Grande do Sul, com milhares de pessoas desabrigadas após enchentes, entidades e autoridades se reúnem para receberem donativos.

 

Mas muitos dos itens doados chegam em mau estado de conservação, alertam especialistas.

 

Roupas e calçados

 

Órgãos oficiais do Governo do Rio Grande do Sul não aceitam mais doações de roupas e sapatos, mas há coletivos que seguem com a arrecadação. Calçados e vestimentas devem ser doados em bom estado.

 

"Muitas vezes, eles chegam com furos e sem condições de uso", diz Vanessa Andrade, que integra o Coletivo Ação da Cidadania, sediado no Rio de Janeiro. Roupas íntimas (calcinhas, sutiãs, cuecas e meias) também são bem-vindas, mas o ideal é que estejam novas, orienta uma cartilha do Corpo de Bombeiros sobre doações em contextos de desastre.

 

É importante lembrar que as peças precisam ser higienizadas antes do envio. As chuvas constantes e a crise de abastecimento impossibilitam que elas sejam lavadas em meio ao fluxo de distribuição dos donativos.

 

No momento, há uma demanda especial por roupas de frio e sapatos fechados, devido ao início do frio previsto para os próximos dias, diz Maristela Piedade, do Coletivo Fortalecer, que reúne doações em Porto Alegre. É importante também evitar roupas que não fazem sentido, como de festa.

 

"Está chegando sapato de festa, roupa de festa, e isso só atrapalha, porque temos pouca gente e muita demanda. Não é a hora de fazer uma limpeza em casa, é hora de ajudar, e precisa ser uma ajuda eficiente", diz a social media Bruna Mendes, de 32 anos, que administra pontos de arrecadação de donativos na Vila Guilherme, zona norte de São Paulo.

 

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Em especial, peças de tamanhos maiores (como G, GG e GGG) também estão em falta, diz Caline Gambin, do Coletivo Alicerce, que tem distribuído doações em Porto Alegre, com atenção especial a populações quilombolas.

 

Em relação à organização, especialistas reforçam que é fundamental selecionar itens em bom estado e organizar os donativos para acelerar o processo de montagem e envio dos kits.

 

Unir peças do mesmo perfil (masculinas ou femininas), da mesma idade (para adultos, adolescentes, crianças ou bebês) ajuda, de preferência embaladas juntas e com um bilhetinho indicando o tamanho, para facilitar o processo de distribuição. Meias e sapatos precisam estar com seus pares. No caso de tênis e botas, prender os cadarços de um mesmo par ou passar fita adesiva pode fazer com que a peça não se perca no caminho.

 

Produtos de higiene e limpeza

 

Absorventes, fraldas infantis e geriátricas, kits de saúde bucal (com pasta e escova), lenços umedecidos, pomada para assadura, sabonetes, repelentes e outros itens de higiene também estão sendo arrecadados. Os produtos devem estar fechados e o doador precisa se atentar à data de vencimento.

 

Produtos de limpeza, como esponjas, vassouras, rodos e sabão em pó, também devem ser novos. A cartilha dos bombeiros orienta ainda que eles não sejam armazenados nem transportados com outros tipos de donativos, como alimentos e roupas.

 

Água e alimentos

 

Em meio à crise de abastecimento decorrente das enchentes, a água é um dos itens mais demandados pelas campanhas. Mas os galões ou garrafas devem estar lacrados.

 

Alimentos têm sido arrecadados tanto para a montagem de cestas básicas quanto para a produção de marmitas. Alimentos perecíveis devem ter o prazo de validade verificado, e é preciso organizá-los em pacotes bem vedados para evitar rasgos e furos que contaminem os donativos. A recomendação de categorizar e identificar as caixas também é válida para materiais de limpeza e de higiene pessoal.

 

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Quem quiser contribuir com refeições prontas pode se voluntariar em algum coletivo que produz marmitas ou pedir orientação à Defesa Civil do município que receberá o donativo, segundo o site oficial do estado. A propósito, a página atualiza as demandas por doações de diferentes cidades.

 

Enxoval

 

Itens de enxoval têm sido muito buscados pelo Governo e coletivos envolvidos nas campanhas de arrecadação. O site do estado lista roupas de cama e banho, cobertores e colchões entre as doações prioritárias no momento.

 

"Eles são importantes porque tem muita gente em abrigos ou hospedada em casas de famílias que antes tinham quatro ou cinco pessoas e agora têm 15, 20", diz Gambin, do Alicerce.

 

Se o doador puder entregar kits (de toalhas, mantas e cobertores, por exemplo), em vez de peças isoladas, facilita a distribuição.

 

Assim como roupas e sapatos, lençóis, cobertores e colchões, devem ser doados sem manchas ou furos. Somente itens novos ou em bom estado. "Muitas das pessoas vulneráveis já perderam tudo. O mínimo que podemos fazer é ajudar a garantir sua dignidade", diz Andrade, do Coletivo Ação da Cidadania.

 

Onde doar?

 

Depósito do Fundo Social de São Paulo 

Av. Mal. Mário Guedes, 301, Jaguaré - São Paulo (SP)

Itens: água mineral, materiais de limpeza e de higiene pessoal

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