Lisboa — Grupos de brasileiros estão se mobilizando em Portugal para ajudar às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. A preferência está sendo por doações em dinheiro, para instituições indicadas pelos governos gaúcho e federal, porque, além de chegarem mais rápido, permitem que haja foco no atendimento das necessidades mais imediatas da população. Produtos como remédios, roupas, calçados e alimentos dependem da disponibilidade de transporte aéreo, que custa caro, e ainda não há previsão de voos. Há negociações em curso com a TAP, mas sem qualquer resposta efetiva da empresa.

 

 

Para facilitar o transporte dessas mercadorias, que estão guardadas em galpões de várias cidades portuguesas — estima-se haja 200 toneladas de produtos doados —, o governo brasileiro baixou portarias liberando a entrada dos produtos de forma simplificada. Foram reduzidas as burocracias que a Receita Federal é obrigada a seguir para evitar abusos. Antes de derrubar as amarras aduaneiras por 30 dias, o governo federal consultou várias entidades empresariais, como informou o vice-presidente da República e ministro da Indústria, Desenvolvimento, Comércio e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin.

 

 

Segundo ele, a medida para reduzir a burocracia para a entrada de doações no país foi um pedido da Confederação Nacional da Indústria (CNI), da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fierg) e do governo gaúcho. “Editamos uma portaria para não haver nenhum óbice e estimular para que o mundo todo possa ajudar a nossa querida população do Rio Grande do Sul”, disse. Ele destacou que a portaria a ser seguida pela Receita Federal poderá estimular a doação de equipamentos para a recuperação do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, que está alagado. “Lá, poderá haver doação de equipamentos, esteiras, de reboques usados, por exemplo”, ressaltou.

 

Disseminação de mentiras

 

 

O Ministério das Relações Exteriores (MRE) informou, por sua vez, que todos os donativos recebidos em embaixadas e consulados ao redor do mundo terão o mesmo trâmite e serão enviados ao povo gaúcho com a maior brevidade possível. O Itamaraty destacou que, em Portugal, a embaixada e os consulados do Brasil receberam mais de 200 toneladas de donativos de brasileiros que vivem no país e de portugueses.

 

“Para que os produtos arrecadados possam chegar nas mãos de quem mais precisa, o governo federal, por meio do Ministério de Portos e Aeroportos, da Casa Civil da Presidência da República, do Ministério da Defesa e do Ministério das Relações Exteriores, está articulando com as companhias aéreas e empresas de navegação o transporte desses donativos. Neste momento, serão priorizados o envio e distribuição de medicamentos e equipamentos médicos pelo modal aéreo”, esclareceu o Palácio do Planalto.

 



 

Em Portugal, assim como no Brasil, as enchentes no Rio Grande do Sul se tornaram instrumentos para a disseminação de fake news por meio, sobretudo, da extrema direita. O presidente do Chega, o radical André Ventura, divulgou um vídeo em que acusa o governo de brasileiro de impedir que as doações recolhidas em terras lusitanas cheguem ao Brasil. Ele inventou, inclusive, que parte das doações de alimentos tinha se perdido por causa da demora no transporte.

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