Júlia Andrade Carthermol, se entregou à polícia e foi presa na noite de terça-feira (4/6) -  (crédito: Reprodução/X/@DDalertaRio; Reprodução/Redes sociais)

Júlia Andrade Carthermol, se entregou à polícia e foi presa na noite de terça-feira (4/6)

crédito: Reprodução/X/@DDalertaRio; Reprodução/Redes sociais

A advogada Hortência Menezes, que representa Júlia Andrade Carthermol, suspeita da morte do empresário e namorado Luiz Marcelo Antônio Ormond, disse que embora a cliente seja psicóloga, o fato não exclui que ela possa "manifestar um transtorno mental". A defesa também afirmou que Júlia relatou estar "consternada, em estado de choque e lamenta o ocorrido". A mulher estava foragida desde 22 de maio e foi presa na terça-feira (4/6).

 

"Gostaria de reafirmar que estamos diante de um caso muito delicado, além do fato de que não houve tempo hábil para que a defesa técnica de Júlia pudesse ser esclarecida acerca das mesmas dúvidas que a sociedade e a imprensa neste momento questionam, principalmente em relação ao que levou uma psicóloga que exercia a sua profissão, de bons antecedentes, primária, com uma família estruturada, se colocar numa posição tão difícil e complicada", diz a nota da defesa.

 

 

A advogada de Júlia também menciona a "questão da religiosidade", em referência a cigana Suyany Breschak, que foi presa temporariamente por suspeita de ajudar Júlia a se desfazer dos bens do empresário morto. Ela seria cigana e mentora espiritual da namorado do empresário. 

 

 

"Uma das partes envolvidas no presente caso se trata de uma orientadora e conselheira espiritual de uma determinada denominação religiosa, porém não seria a missão dos 'sacerdotes' serem responsáveis por animar e encorajar os seus membros ,tornando-se exemplos por suas ações, motivações? Precisamos também entender como foram os onze anos existentes dessa relação, de aconselhamento e de orientação 'religiosa' existente com minha cliente, fundamentada na monetização financeira e no medo? Esperamos também encontrar respostas nas provas técnicas que serão produzidas com a quebra dos dados telemáticos, telefônicos e do sigilo bancário dos envolvidos, inclusive da vítima", diz a nota da advogada Hortência Menezes.


Júlia teria oferecido um brigadeiro envenenado ao namorado. Segundo a defesa, a suspeita quer colaborar com a Justiça e com a investigação.

 

"Nesse momento tão delicado em que nos encontramos sob nebulosidade, tivemos o foco na integridade física de minha cliente, que embora seja acusada, entendemos que ela é a chave mestra para elucidar as dúvidas existentes, motivo pelo qual, em virtude do mandado de prisão temporário expedido pelo Juízo de Direito, bem como pela angústia e exposição gerada em seus familiares, conseguimos chegar a um consenso com a Autoridade Policial e realizamos a apresentação Júlia no final da noite da terça-feira, com a mínima exposição, sem algemas e sem hostilidade", pontua a advogada.


Veja a nota da defesa de Júlia na íntegra:

A defesa técnica da Sra. Júlia Andrade Cathermol Pimenta, primeiramente gostaria de externar os nossos sinceros e mais puros sentimentos aos familiares e amigos da vítima, o que torna esse caso extremamente delicado, pois estamos diante da vida, o bem de maior valor existente.

 

Porém, como advogada, não é o meu papel julgar os atos praticados pelos meus clientes, nas mais diversas áreas do saber, independentemente de condição social, credo, etnia ou gênero, pois tenho como missão garantir o devido processo legal, assegurando a Sra. Júlia, o direito à ampla defesa e ao contraditório, até chegarmos a uma condenação ou a uma absolvição, sendo estas, consequência de diversos fatores.

 

Gostaria de esclarecer como defesa técnica da acusada, que somente na noite da terça-feira, fora disponibilizado pelo delegado titular da 25ª delegacia de polícia, o download digital contendo a íntegra de todas as peças produzidas em sede do inquérito e no tocante ao acesso do processo criminal, mesmo que digitalmente, em virtude do sigilo de justiça, ainda estamos aguardando.

 

Portanto, neste momento não poderemos colaborar na elucidação das inúmeras dúvidas existentes sobre o presente caso envolvendo a nossa cliente, onde reconhecemos o valor da imprensa e de seus profissionais que ficam inúmeras horas desempenhando o seu labor, com o fito de noticiar, esclarecer e informar a sociedade contribuindo com a informação.

 

Todavia, gostaria de reafirmar que estamos diante de um caso muito delicado, além do fato de que não houve tempo hábil para que a defesa técnica da Sra. Júlia pudesse ser esclarecida acerca das mesmas dúvidas que a sociedade e a imprensa neste momento questionam, principalmente em relação ao que levou uma psicóloga que exercia a sua profissão, de bons antecedentes, primária, com uma família estruturada, se colocar numa posição tão difícil e complicada.

 

Imaginamos que embora ela seja uma psicóloga, tal fato não exclui que a mesma possa manifestar um transtorno mental. Outro aspecto que merece muito respeito e um olhar mais apurado, é a questão da religiosidade, pois uma das partes envolvidas no presente caso, se trata de uma orientadora e conselheira espiritual de uma determinada denominação religiosa, porém não seria a missão dos “sacerdotes” serem responsáveis por animar e encorajar os seus membros, tornando-se exemplos por suas ações, motivações?

Precisamos também entender como foram os 11 (onze) anos existentes dessa relação, de aconselhamento e de orientação “religiosa” existente com minha cliente, fundamentada na monetização financeira e no medo? Esperamos também encontrar respostas nas provas técnicas que serão produzidas com a quebra dos dados telemáticos, telefônicos e do sigilo bancário dos envolvidos, inclusive da vítima. Não é em hipótese alguma o objetivo de manchar a imagem ou desacreditar a fé e as inúmeras religiões existentes, mas sim, de chamar a atenção de todos, que o elo de ligação entre o “sagrado” e o ser humano, é um ser humano, passível de interpretar e colocar as suas necessidades em primeiro lugar, passível de erro, sem falar em questões de cunho financeiro.

Cremos assim, que a sociedade precisa refletir e melhor discutirmos esses pontos, não apenas em sede processual a fim de evitarmos futuros casos análogos ao presente caso em que se encontra a minha cliente. Mas, nesse momento tão delicado em que nos encontramos sob nebulosidade, tivemos o foco na integridade física de minha cliente, que embora seja acusada, entendemos que ela é a chave mestra para elucidar as dúvidas existentes, motivo pelo qual, em virtude do mandado de prisão temporário expedido pelo Juízo de Direito, bem como pela angústia e exposição gerada em seus familiares, conseguimos chegar a um consenso com a Autoridade Policial e realizamos a apresentação Júlia no final da noite da terça-feira, com a mínima exposição, sem algemas e sem hostilidade.

A Sra. Júlia Andrade Cathermol Pimenta, nos relatou que se sente consternada, em estado de choque e lamenta o ocorrido, e mais do que ninguém, deseja colaborar com a Justiça, com a investigação, acreditando assim nos poderes legalmente constituídos em nosso País. Oportunamente, gostaríamos de agradecer ao profissionalismo do Dr. Delegado de Polícia Titular da 25ª Delegacia de Polícia, toda sua equipe envolvida e aos profissionais de imprensa que foram gentis e cordiais com essa advogada. Portanto, no momento, não temos nada mais a esclarecer e informar à imprensa, onde nos reservamos oportunamente o direito de assim o fazê-lo.