Na manhã desta quarta-feira (12/6), a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) executou uma operação para desarticular uma organização criminosa especializada no golpe da falsa central de segurança bancária.
Equipes da 9ª Delegacia de Polícia (DP) deflagraram a operação Mão Fantasma 1 em Ceilândia, Planaltina e no Novo Gama, no DF, cumprindo oito mandados de prisão, quatro de busca e apreensão, além de 10 bloqueios de contas bancárias. Entre as vítimas do grupo está um morador do Lago Norte que sofreu prejuízo de R$ 107 mil.
As investigações revelaram que os criminosos adquiriram na dark web planilhas contendo dados cadastrais de milhões de pessoas. Esses dados incluíam informações sobre contas bancárias, perfis socioeconômicos, números de celulares e endereços residenciais. Utilizando essas informações, os criminosos selecionavam vítimas de maior poder aquisitivo, preferencialmente idosas, e entravam em contato por telefone, simulando na bina o verdadeiro número do banco e se passando pela central de segurança.
Aproveitando-se da menor familiaridade das vítimas com as novas tecnologias, os criminosos afirmavam que haviam sido detectadas transações fraudulentas nas contas das vítimas. Ganhando a confiança delas, conseguiam convencê-las a entregar seus cartões e celulares a um falso funcionário do banco que iria à casa da vítima para “perícia” no banco, visando verificar a origem das transações não reconhecidas.
De posse dos cartões e celulares das vítimas, os criminosos realizavam saques, transferências e empréstimos fraudulentos. Uma das vítimas, morador do Lago Norte, teve todas suas reservas debitadas, resultando em um prejuízo de R$ 107 mil.
De acordo com o delegado Erick Sallum, neste tipo de golpe, os bancos geralmente se recusam a reembolsar as vítimas, o que torna os idosos mais vulneráveis. “Os bancos se negam a fazer o estorno dos valores, pois as vítimas entregaram os cartões aos criminosos. Assim, temos pessoas idosas enganadas tendo, já no final da vida, que suportar prejuízos e dívidas impagáveis”, ressalta.
As transferências e os saques eram efetuados rapidamente em caixas eletrônicos de agências no Entorno, onde parte do grupo criminoso operava para evitar que as contas fossem bloqueadas antes de obterem o proveito do crime. A investigação conseguiu obter imagens de diversos desses saques, revelando a dinâmica do delito e sua autoria.
A investigação detectou, ainda, que existem pessoas alugando suas contas bancárias serem usadas como canais primários de recebimento de dinheiro desviado. Foram mapeados marketplaces em redes sociais onde a compra e venda de contas bancárias virou uma atividade comum, com contas de praticamente qualquer banco sendo vendidas por valores entre R$ 300 e R$ 500.
Devido a dinâmica da criminalidade online, o delegado responsável pelo caso faz um alerta. "A polícia faz seu papel repressivo, mas a população deve redobrar os cuidados com seus relacionamentos e ações nos ambientes digitais. A ampla disponibilidade de mecanismos de IA irá potencializar ainda mais as capacidades dos golpistas”, avisa.
Com o material apreendido e as informações obtidas com os presos, a PCDF irá focar na identificação dos líderes desses marketplaces de comércio de contas bancárias e das empresas clandestinas de telefonia VoIP, que estão permitindo a modificação das binas e disseminado essas espécies de golpe.
A PCDF alerta que aqueles que vendem suas contas bancárias pessoais para terceiros podem ser responsabilizados por lavagem de dinheiro e como partícipes do próprio crime de fraude eletrônica (art. 171, §2°-A do CP), com penas que variam de 4 a 8 anos.