PORTO ALEGRE, RS, E SÃO PAULO, SP - O Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, não deve retomar as operações antes da segunda metade de dezembro deste ano. Nesta segunda-feira (3/6) o terminal completou um mês fechado por causa das emchentes no Rio Grande do Sul.

 

A previsão foi dada pela concessionária Fraport durante encontro com representantes do governo federal e deputados gaúchos nesta segunda (3/6), de acordo com o deputado estadual Frederico Antunes (PP), que acompanhou vistoria no local e preside a Frente Parlamentar de Aviação da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.

 

Em nota enviada à imprensa, a CEO da Fraport Brasil, Andreea Pal, disse que a concessionária atua junto ao governo federal para acelerar a retomada das operações. "Estamos fazendo a nossa parte, com diversas atividades já iniciadas. Se os impactos forem menores do que os previstos inicialmente, vamos torcer para que o aeroporto esteja disponível para o final do ano", afirmou, via assessoria.

 



 

A vistoria, realizada pela manhã, contou com a presença da CEO da Fraport Brasil, do ministro Paulo Pimenta, da Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, de técnicos da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e outras autoridades.

 

O Salgado Filho está fechado desde 3 de maio, quando a inundação do Lago Guaíba chegou ao bairro Anchieta e, aos poucos, tomou conta da pista e do primeiro pavimento do prédio. A água já baixou na área interna, mas alguns pontos externos e ruas de acesso ainda estão alagados.

 

Nesta segunda-feira foi iniciado o processo de varredura e limpeza das pistas, pátios e taxiways (faixas de trânsito de aeronaves) para retirada de sujeira e entulho.

 

 

"Em paralelo, foram iniciados os testes e sondagens para avaliação da resistência do solo, desde a compactação até a pavimentação, para que tecnicamente seja possível afirmar os impactos causados pelo acúmulo de água durante as últimas semanas", disse a Fraport, na nota.

 

Os testes devem durar aproximadamente 45 dias, a depender também das condições climáticas, e a avaliação dos impactos da enchente na estrutura do aeroporto e da pista de pousos e decolagens deve ser concluída em julho.

 

Segundo a Fraport, ainda não é possível detalhar o valor total do prejuízo causado pela inundação, nem quais equipamentos vão precisar de reparo ou substituição. Em visita ao aeroporto no dia 29, o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), disse que toda a parte de esteiras do primeiro pavimento foi danificada pela água.

 

De acordo com a Anac, a Fraport solicitou um estudo de reequilíbrio econômico-financeiro do contrato do Salgado Filho. O alagamento é considerado pela empresa algo fora da previsão contratual.

 

 

"É preciso que a concessionária avance na discussão com a Anac, com o Ministério de Portos e Aeroportos e AGU (Advocacia-Geral da União), no sentido de restabelecer o equilíbrio do contrato da concessão, mas isso não pode ser um impeditivo para que o trabalho seja acelerado", disse Paulo Pimenta.

 

Segundo Tiago Pereira, diretor-presidente da Anac, o órgão já iniciou a análise do pedido de reequilíbrio, mas é necessário cumprir uma série de procedimentos antes que o aeroporto possa reabrir. "Ainda não conhecemos a dimensão das perdas causadas pela inundação. Estamos trabalhando para viabilizar a retomada das operações no menor prazo de tempo possível", afirmou Pereira, que também participou da vistoria nesta segunda.

 

Também estiveram presentes na vistoria o auditor do TCU (Tribunal de Contas da União) ?Lucas Massahiro Kokubu, o secretário estadual da Reconstrução Gaúcha, Pedro Capeluppi, o chefe de gabinete do diretor-geral da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), Anderson Lessa, e o secretário nacional de Aviação Civil, Tomé Franca.

 

Franca disse na rede social X que um cronograma de ações para o retorno das atividades do Salgado Filho será apresentado "nos próximos dias".

 

Em entrevista coletiva sobre a situação das rodovias no estado, também nesta segunda, o governador Eduardo Leite (PSDB) falou sobre o aeroporto. "Entendemos que é muito importante que o governo federal construa a solução junto à concessionária para dar segurança sobre o reequilíbrio", disse o governador. "É ponto crítico para o estado, do ponto de vista de desenvolvimento econômico e manutenção de empregos."

 

A paralisação do Salgado Filho trouxe uma série de dificuldades logísticas para o Rio Grande do Sul, com reflexos no transporte de pessoas e mercadorias. Com as atividades do aeroporto suspensas, a base aérea militar de Canoas passou a receber voos comerciais temporariamente. Outros aeroportos do interior do Rio Grande do Sul, como Caxias do Sul, Santo Ângelo e Uruguaiana são estudados como alternativas regionais.

 

 

Questionada pela reportagem, a Fraport não detalhou quantos voos foram cancelados no Salgado Filho desde o início de maio, nem o número de passageiros afetados.

 

Considerando embarques e desembarques em voos nacionais e internacionais, o Salgado Filho recebeu 551,6 mil passageiros em abril, antes da paralisação. O dado consta em um painel atualizado pela Anac. O número supera com folga a movimentação registrada nos aeroportos que integram a malha aérea emergencial criada pelo governo federal para atender o Rio Grande do Sul.

 

A título de comparação, o aeroporto de Florianópolis teve 302,5 mil passageiros em abril, segundo a Anac. A capital catarinense integra a malha aérea com voos adicionais para suprir parte da demanda gaúcha.

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