SÃO PAULO, SP - Andreea Pal, CEO da Fraport Brasil, concessionária que administra o Aeroporto Internacional Salgado Filho, de Porto Alegre, admitiu que deverá ser preciso trocar o asfalto e a sub-base da pista de pouso e decolagens, que ficou submersa durante a inundação que atingiu a capital do Rio Grande do Sul no mês passado. A executiva afirmou ainda que a concessionária estima em R$ 1 bilhão o total a ser gasto no aeroporto por causa da enchente e que esse valor está sendo compartilhado com o governo federal.

 

A afirmação da executiva foi feita nessa quinta-feira (6/6) em entrevista à rádio Gaúcha e, conforme explicou, apenas o asfalto, em algumas partes da pista, pode ter 60 centímetros de espessura.

 

"Nosso cálculo para começar em dezembro (a volta das operações) assume que vamos ter de refazer a sub-base (que tem uma mistura de cimento) e o asfalto", disse, na entrevista.

 

Nesta semana, tanto a concessionária quanto o governo federal estimaram a hipótese de reabrir o parcialmente local na segunda quinzena de dezembro. A previsão foi feita após uma vistoria ao aeroporto.

 



 

O Salgado Filho está fechado desde 3 de maio, quando a inundação do lago Guaíba chegou ao bairro Anchieta e, aos poucos, tomou conta da pista e do primeiro pavimento do prédio.

 

Nesta semana começou o trabalho de limpeza tanto da pista quanto da parte interna do aeroporto.

 

De acordo com a empresa, esse é o primeiro passo para avaliar os danos. Em paralelo estão sendo realizados testes e sondagens do pavimento da pista. Os ensaios serão enviados para análise técnica e somente após este processo, que pode levar até 45 dias, é que a administradora terá uma conclusão das reais condições dos pavimentos e impactos na estrutura.

 

Na entrevista à emissora do Rio Grande do Sul, Pal afirmou que começaram a ser feitos furos na pista para se ver como está a parte debaixo do asfalto e o material retirado está sendo enviado para laboratórios.

 

 

Segundo ela, um equipamento que simula um avião vai ajudar a calcular qual é a resistência do asfalto após semanas de inundação. Também serão usadas ferramentas de inteligência artificial.

 

A CEO disse que a concessionária tem seguro contra enchentes, mas que não cobre o prejuízo - o valor seria estimado em R$ 130 milhões.

 

"O valor não é muito grande e não cobre o dano que foi causado. Foi praticamente o melhor que a gente encontrou no mercado", disse à rádio Gaúcha.

 

Compartilhamento do prejuízos

 

Com a crise, a Fraport pediu para a  Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) estudar o reequilíbrio econômico-financeiro do contrato do Salgado Filho. Na entrevista desta quinta, ela afirmou que o contrato de concessão é muito claro, e que "força maior é um risco do Estado."

 

"Mas o problema maior hoje é mais técnico até do que financeiro, porque tem que se saber o que precisa ser feito", disse.


 

Conforme a assessoria do deputado Frederico Antunes (PP), que participou da vistoria ao aeroporto na segunda-feira, a informação repassada pela Fraport aos participantes da visita é que o custo da retomada das operações se aproxima de R$ 300 milhões.

 

Apenas em equipamentos, o montante chegaria a R$ 45 milhões. O valor é abaixo do mencionado pelo governador Eduardo Leite (PSDB) em entrevista coletiva na manhã de segunda-feira.

 

Sobre os danos na parte interna, Pal afirmou que certamente os aparelhos de raio-X não vão funcionar mais, porque toda a parte de computadores e elétrica ficou submersa.

 

Algumas das esteiras, disse, provavelmente não precisarão ser trocadas, mas motores e sensores ficaram na água não devem ter salvação.

 

 

O Salgado Filho paralisou pousos e decolagens na noite de 3 de maio. O fechamento foi por tempo indeterminado. O fechamento de um aeroporto por tempo indeterminado é algo sem precedentes na história da aviação brasileira, segundo especialistas.

 

Um Notam (aviso ao aviador, em tradução livre), emitido no fim do mês passado pelo Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), órgão ligado à FAB (Força Aérea Brasileira), disse que a interdição iria ao menos até 10 de agosto.

 

Na quinta-feira, a Aeronáutica informou que o documento havia sido cancelado e que foi emitido um Suplemento AIP (publicação de informação aeronáutica, em tradução do inglês), que terá validade enquanto a restrição no aeroporto persistir.

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