SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - É cedo para cogitar suspender as operações da Voepass, segundo o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa. A declaração foi dada neste sábado (10/8), dia seguinte à queda de um avião da empresa em Vinhedo (SP), a 79 km da capital paulista. Todos os 62 passageiros e tripulantes morreram.
"Por ora, falar sobre responsabilização e interrupção de operações da companhia é muito prematuro. O momento é de atender as vítimas", disse o procurador. "Por enquanto não surgiu nenhum elemento emergencial que venha a interromper as atividades da companhia aérea", completou.
Durante o dia, Costa esteve no Instituto Oscar Freire de medicina legal, na zona oeste de São Paulo. Lá, é realizada a identificação dos corpos retirados dos destroços do voo 2283.
A assessoria jurídica às famílias das vítimas está sendo prestada por promotores de Justiça e defensores públicos tanto do Paraná quanto de São Paulo, que trabalham em conjunto.
Dos 62 mortos, 50 já foram encaminhados aos legistas, mas apenas dois deles foram identificados --o piloto, Danilo Santos Romano, e o copiloto, Humberto de Campos Alencar e Silva. Os corpos estão em estado difícil identificação, afirmou o Corpo de Bombeiros, em razão do incêndio que atingiu a aeronave.
Segundo Carlos Palhares, diretor do Instituto Nacional de Criminalística, estão sendo usados três métodos não invasivos de identificação: por impressão digital, arcada dentária e exame de DNA. Os dois últimos mais demorados.
"Estamos na fase de coleta de informações que vão permitir na identificação", disse Palhares. "Praticamente todos os corpos retirados até agora são passíveis de análises com impressão digital, que é mais célere".
Para auxiliar nos trabalhos, familiares das vítimas são acolhidos pelo governo de São Paulo na capital paulista, sendo entrevistados e tendo coletados seus materiais genéticos.
Dentistas das vítimas também deverão ser procurados. E há ainda a possibilidade de exames antropológicos, com próteses.
O acidente
O voo 2283 da Voepass caiu nesta sexta (9/8), durante viagem de Cascavel (PR) a Guarulhos (Grande São Paulo), na área de uma casa no condomínio Recanto Florido, no bairro Capela. Imagens feitas por moradores mostram o avião em queda livre e, na sequência, uma explosão seguida por muita fumaça.
A queda matou os 58 passageiros e os quatro tripulantes que estavam a bordo. Inicialmente, foi divulgado que 61 pessoas estavam no avião. Mas, neste sábado, a Voepass afirmou que o nome de um passageiro, Constantino Maia, não constava da lista de embarcados.
A aeronave, que decolou às 11h50 e tinha previsão de chegada às 13h40, perdeu 3.300 metros de altitude em menos de um minuto a partir das 13h21, segundo o site Flight Aware, que monitora voos em tempo real ao redor do mundo.
Segundo a Força Aérea Brasileira, o avião deixou de responder às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo às 13h21. O piloto não teria declarado emergência ou reportado estar sob condições meteorológicas adversas.
Nas primeiras horas após o acidente, especialistas em aviação ouvidos pela Folha levantaram duas hipóteses principais para o caso com base nos primeiros detalhes, ressaltando ser cedo para determinar as causas. A caixa-preta do avião foi recuperada.