Julieta Inés Hernández Martínez fazia uma viagem pelo Brasil -  (crédito: Reprodução/Redes Sociais)

Julieta Inés Hernández Martínez fazia uma viagem pelo Brasil

crédito: Reprodução/Redes Sociais

A família da artista Julieta Hernández Martínez, que foi roubada, estuprada e morta em 23 de dezembro de 2023, pede que a tipificação do caso seja alterada para feminicídio. Uma audiência realizada na última sexta-feira (30/8) para avaliar a possibilidade dessa mudança foi adiada, e a irmã de Julieta Hernández denuncia irregularidades na condução da audiência.

 

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Clemencia Hernández mora na Venezuela e usou as redes sociais para denunciar irregularidades na condução da audiência. De acordo com a venezuelana, o motivo para o adiamento da audiência foi a ausência de um documento. No entanto, Clemencia argumenta que esse documento não existe.

 

 

A irmã da vítima também relatou que estranhou o fato de os dois acusados terem apenas um defensor público, quando, na verdade, deveriam ter dois. "Deveria ter um defensor para cada acusado para evitar conflito de interesse", descreve.

 

 

Clemencia conta ainda que o desrespeito continuou quando uma das testemunhas do caso foi ouvida. "A surpresa mais terrível foi quando uma das testemunhas-chave para o caso participou da audiência de forma virtual, durante suas férias, enquanto andava pelas ruas com música. Esse é o respeito que este inspetor de polícia tem pelo caso. Um caso tão sério quanto o de minha irmã", ressalta.

 

 

 

 

 
 
 
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O Estado de Minas entrou em contato com o Tribunal de Justiça do Amazonas e aguarda retorno.

 

Entenda o crime


A artista Julieta Hernández, de 38 anos, foi morta enquanto viajava pelo Brasil de bicicleta. Ela estava a caminho da Venezuela, seu país de origem, quando desapareceu no dia 23 de dezembro, no município de Presidente Figueiredo, no Amazonas. A próxima parada da artista seria em Rorainópolis, em Roraima, antes de cruzar a fronteira com a Venezuela.

 

No dia 6 de janeiro deste ano, o corpo de Julieta foi encontrado dentro de uma mata. De acordo com as investigações, a artista foi estuprada, assassinada e teve seu corpo queimado por um casal que confessou o crime.

 

Em janeiro, o Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) denunciou os acusados Thiago Angles da Silva e Deliomara dos Anjos Santos pelos crimes de estupro, latrocínio (roubo seguido de morte) e ocultação de cadáver. No entanto, a família de Julieta pede a mudança da tipificação dos crimes para feminicídio.

 

De acordo com informações da Polícia Civil do Amazonas, o casal havia abrigado a mulher para que ela passasse a noite no local. Durante a madrugada, enquanto a Julieta dormia em uma rede, o homem pegou uma faca e tentou roubar o celular dela. Nesse momento, a artista despertou, e os dois entraram em luta corporal. O suspeito ordenou que a esposa amarrasse Julieta, e a mulher obedeceu. A venezuelana foi arrastada brutalmente para dentro da casa e, lá, estuprada.

 

A esposa do agressor flagrou o momento dos abusos e, com ciúmes, jogou álcool em Julieta e no marido. O homem conseguiu apagar o fogo com uma toalha molhada e assassinou Julieta com um golpe de mata-leão. Após toda a violência, o casal decidiu se livrar do corpo da venezuelana, arrastando-o até o quintal e jogando-o em uma cova.

 

O corpo foi enterrado a 15 metros da casa do casal. A polícia de Presidente Figueiredo descobriu os detalhes do caso depois que um morador das redondezas viu partes da bicicleta próximas ao local onde o cadáver estava enterrado. Ele relacionou o achado às notícias divulgadas sobre o desaparecimento da artista e avisou a polícia. O casal foi abordado e acabou apontando onde estava o corpo. O cadáver estava com os pés e as mãos amarrados.