O Brasil está entre os países mais quentes do mundo durante a primeira semana deste mês de setembro, é o que aponta o Climate Reanalyzer, plataforma gerenciada pelo Climate Change Institute da Universidade de Maine, nos Estados Unidos. Segundo o mapa divulgado, as temperaturas podem chegar a 50°C. Bolívia e Paraguai acompanham a previsão, assim como países ao norte do continente africano, Arábia Saudita e Austrália.
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No território nacional, os dados apontam que o calor extremo deve chegar às Regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste. Em Minas Gerais, parte do Triângulo Mineiro é atingida. As demais regiões do país ultrapassam os 30°C e atingem até 40°C.
O Sudeste, Centro-Oeste, Sul da Região Norte, interior da Região Nordeste e Oeste do Paraná chamam atenção nos dados relativos às chuvas, com precipitação menor que 10 milímetros. Desde abril, a capital mineira e municípios vizinhos sofrem com a ausência de chuvas, acumulando hoje (2/9) 138 dias de seca, a maior registrada em seis décadas.
Apesar do mapa elaborado pela Universidade de Maine estar predominantemente vermelho, representando altas temperaturas ao redor do mundo, o professor do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais (IGC/UFMG), Wellington Lopes, tranquiliza e afirma que esses dados são atualizados todos os dias e que não necessariamente os termômetros irão atingir 50°C durante a semana.
O pesquisador aponta que o calor pode ser uma “herança” do fenômeno El Niño, responsável pelo aquecimento das águas do oceano pacífico. “Estamos em uma condição de neutralidade, mas a atmosfera ainda pode estar respondendo ao longo período do aquecimento das águas. Tivemos um El Niño relativamente curto, mas forte, que se desconfigurou em junho”, explica.
O mapa do Climate Reanalyze evidencia a alta pressão nos oceanos Atlântico e Pacífico nas águas próximas à América do Sul. O Brasil está entre dois grandes centros de pressão
“Estamos passando por um grande bloqueio atmosférico, que faz com que o ar se mova de cima para baixo, impedindo o avanço da umidade e que as frentes frias cheguem, então o tempo fica seco”, esclarece Wellington.
O professor ainda aponta que o aumento das temperaturas nessa época do ano são comuns, mas revela anomalias. “Temos um histórico de máximas que ocorrem nessa transição entre o final do inverno e o início da primavera, o que não é ‘normal’, são valores acima do esperado”, destaca.
Wellington explica que as cidades devem sentir mais o impacto do calor. “Podemos esperar céu claro, sem nuvens e vento ausente. Dessa forma, a radiação solar chega com toda força na superfície. Nas cidades, o concreto absorve e acumula o calor”, detalha.
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Alerta em Minas
Minas Gerais acompanha a tendência nacional. Nesta segunda-feira, o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) publicou um alerta de grande perigo para onda de calor no estado até a próxima quinta-feira (04/9). As temperaturas podem atingir 5ºC acima da média por período de dois até três dias. No total, 537 municípios devem sentir o aumento dos termômetros nas regiões Triângulo Mineiro, Central, Zona da Mata, Sul, Metropolitana, Vale do Rio Doce e Noroeste de Minas.
“O aumento nas temperaturas se caracteriza como uma onda de calor quando as temperaturas ficam a partir de 5ºC acima da média, numa ampla área e por pelo menos 3 dias consecutivos”, explica Anete Fernandes, meteorologista do INMET.
O Instituto também alerta para grande perigo de umidade relativa do ar abaixo de 12% em 240 municípios no Triângulo Mineiro; Regiões Oeste de Minas, Sul, Noroeste e Metropolitana de Belo Horizonte. O comunicado dura até às 21h desta segunda-feira, mas há, segundo Anete Fernandes, grandes possibilidades de renovação diante da onda de calor.
A baixa umidade aumenta o risco de incêndios florestais e à saúde, podendo causar, por exemplo, doenças pulmonares, de dores de cabeça à dores de cabeça. O índice ideal de umidade relativa do ar, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é entre 50% e 60%.
O INMET recomenda que a população beba bastante líquido; tenha atenção à prática de atividades físicas, que são nocivas em tempo seco; evite exposição ao sol nas horas mais quentes do dia; use hidratante para pele e umidifique o ambiente e evite bebidas diuréticas, como café e álcool. O instituto ainda pede que, em caso de emergência, sejam acionados a Defesa Civil, pelo telefone 199 e o Corpo de Bombeiros pelo 193.