Como alternativa para o calor extremo, muitas pessoas se renderam à compra de um ar-condicionado. Mas com esse tempo, além de quente, seco, é recomendado?
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Sobre esse cenário, Rogério de Melo, instrutor do Senai e engenheiro mecânico, afirma que não é recomendado permanecer em um ambiente climatizado e se expor a temperaturas muito baixas após lidar com ambientes quentes. “É o famoso choque térmico, o aparelho, ao invés de conforto, causa mal-estar, como sangramento de nariz, rinite, sinusite... É um ar muito mais seco do que já estamos lidando”.
Em um verão normal, conforme explica Rogério, a umidade relativa do ar varia na faixa de 70% a 80%. Mas, durante o inverno nas principais regiões mineiras, incluindo Belo Horizonte, a umidade está entre 12% e 20%. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o indicado é entre 50% e 60%.
“É um momento atípico, esse número de queimadas é assustador e essa fumaça em suspensão na atmosfera contribui para a seca do ar. É quase uma umidade de região desértica”, ele ressalta.
O instrutor destaca que a temperatura ideal do ar-condicionado, pensando em todas as questões mencionadas, fica entre 22°C e 24°C.
Em relação ao funcionamento do aparelho, surge a dúvida: uma temperatura muito fria pode prejudicá-lo? Rogério comenta que não há nenhuma preocupação em relação aos ajustes, mínimos ou máximos, porque a máquina é programada para trabalhar dentro da linha de conforto. O problema está nos possíveis efeitos que esses ajustes podem provocar aos usuários, além do gasto de energia.
No dia 3 de setembro, por exemplo, os termômetros da capital mineira ultrapassaram 34°C, conforme os dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Esse contexto atravessado por um ajuste em 16°C no ar-condicionado resulta, como já mencionado, em um choque térmico.
O engenheiro também adiciona que caso a manutenção e limpeza do filtro deixe a desejar, ou nunca tiver sido feita, a temperatura baixa pode queimar o compressor do ar-condicionado.
Quando o aparelho for usado para diminuir o calor, ele aconselha usar um balde com água por perto ou uma toalha molhada para melhorar o procedimento do aparelho e diminuir a desidratação.
“As vias aéreas necessitam de água, narina e garganta precisam ser hidratadas. Algumas pessoas, aqui no senai mesmo, estão com ressecamento nos olhos, conjuntivite, irritação e tudo isso acontece pela baixa umidade e o calor excessivo”, comenta.
Manutenção
E quando fazer manutenção? O engenheiro diz que depende de onde o equipamento está instalado e seu modus operandi.
“Uma mineradora, por exemplo, é uma região muito contaminante, a limpeza é quinzenal, muitas vezes mensal, mas nem espera o bimestre acabar. Já um apartamento em região com menos poeira ou uma casa residencial, ela pode ser feita a cada 6 meses", explica.
Rogério de Melo também esclarece que, em algumas unidades de climatização, surge um aviso a cada 60 horas de funcionamento. Isso, conforme o professor, "ajuda a ter uma ideia de quando devemos observar e realizar a manutenção".