RECIFE, PE (FOLHAPRESS) - Ao decretar a prisão preventiva de Gusttavo Lima, a juíza Andrea Calado da Cruz, do Tribunal de Justiça de Pernambuco, afirmou que o cantor tem "intensa relação" financeira com os foragidos da investigação sobre uma suposta organização criminosa que atua em jogos ilegais e lavagem de dinheiro.
A magistrada ordenou a prisão de Gusttavo Lima, nome artístico de Nivaldo Batista Lima, por suspeita de que o cantor tenha ajudado dois foragidos da Operação Integration a ficarem fora do país.
"Nivaldo Batista Lima, ao dar guarida a foragidos, demonstra uma alarmante falta de consideração pela Justiça. Sua intensa relação financeira com esses indivíduos, que inclui movimentações suspeitas, levanta sérias questões sobre sua própria participação em atividades criminosas. A conexão de sua empresa com a rede de lavagem de dinheiro sugere um comprometimento que não pode ser ignorado", diz a magistrada.
A defesa do cantor afirma que a decretação da prisão é injusta, que ele é inocente e que tomará as medidas cabíveis. "O cantor Gusttavo Lima jamais seria conivente com qualquer fato contrário ao ordenamento de nosso país e não há qualquer envolvimento dele ou de suas empresas com o objeto da operação deflagrada pela polícia pernambucana", diz a nota.
Segundo a Justiça, Gusttavo Lima teria ajudado José André da Rocha Neto (dono da casa de apostas VaideBet) e sua esposa Aislla Rocha a ficaram fora do país, sem se entregar à Justiça. Os dois têm mandados de prisão em aberto desde a deflagração da operação, no dia 4 de setembro, resultou na prisão da influencer Deolane Bezerra.
O cantor viajou à Grécia no início do mês para comemorar o seu aniversário de 35 anos. A magistrada aponta que, no retorno da viagem, uma aeronave que transportou Gusttavo Lima pode ter deixado Rocha Neto e Aislla no exterior.
"Na ida, a aeronave transportou Nivaldo Lima e o casal de investigados, seguindo o trajeto Goiânia - Atenas - Kavala. No retorno, o percurso foi Kavala (Grécia) - Atenas (Grécia) - Ilhas Canárias - Goiânia, o que sugere que José André e Aislla possam ter desembarcado na Grécia ou nas Ilhas Canárias, na Espanha. Esses indícios reforçam a gravidade da situação e a necessidade de uma investigação minuciosa, evidenciando que a conivência de Nivaldo Batista Lima com foragidos não apenas compromete a integridade do sistema judicial, mas também perpetua a impunidade em um contexto de grave criminalidade", diz o texto.
Na decisão, a juíza diz que a relação de Gusttavo Lima com os foragidos, incluindo José André da Rocha Neto e Aislla Rocha "deve ser encarada com extrema cautela, uma vez que, em tese, apresenta características espúrias e duvidosas".
A magistrada aponta que a artista adquiriu participação de parte da casa de apostas. "No dia 1º de julho de 2024, Nivaldo Batista Lima adquiriu uma participação de 25% na empresa Vai de Bet, o que acentua ainda mais a natureza questionável de suas interações financeiras. Essa associação levanta sérias dúvidas sobre a integridade das transações e a legitimidade dos vínculos estabelecidos", diz a juíza.
Ao decretar a prisão do cantor, a magistrada acatou pedido da Polícia Civil e rejeitou argumentos do Ministério Público, que, na sexta-feira (20), tinha pedido a substituição de prisões preventivas por outras medidas cautelares e também sugeriu o envio do trecho da investigação relativa a Gusttavo Lima para a Promotoria da Paraíba, onde reside uma parte dos investigados.
A juíza rejeitou o pedindo argumentando que "a competência territorial se estabelece pela prevenção quando a organização atua em mais de uma localidade".
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A juíza também determinou o bloqueio cautelar de todos os imóveis matriculados nos CPFs e CNPJs de Gusttavo Lima, bem como o bloqueio de valores de contas bancárias e aplicações financeiras do cantor.
A decisão judicial também determina que os mandados de prisão de Rocha Neto, Aislla Rocha e outros três foragidos da investigação sejam incluídos na difusão vermelha da Interpol.