RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O Ministério Público do Acre investiga o suposto envolvimento de um promotor com uma facção criminosa do estado. Tales Fonseca Tranin é alvo de um processo administrativo do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), que decidiu, em 20 de agosto, afastar o promotor das funções.

 

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A suspeita é de que Tranin tenha se relacionado com ao menos 20 presos do regime semiaberto. Alguns dos detentos seriam integrantes de facções criminosas. Na petição que culminou no afastamento, o Ministério Público argumenta que o promotor teria favorecido criminosos por meio de sua atuação profissional.

 



 

A defesa de Tranin nega as acusações. Na última sexta (13), contudo, em entrevista coletiva que concedeu com seus advogados, o promotor admitiu ter tido encontros de natureza sexual com detidos do sistema penitenciário do estado.

 

 

As relações, segundo a defesa do promotor, aconteceram na casa dele, fora de qualquer presídio.

 

"Esses contatos se deram exclusivamente em sua residência e mediante pagamento. É importante que isso fique claro. Ele nunca teve qualquer outro tipo de contato com essas pessoas, seja de convívio, seja de amizade, seja de qualquer outra natureza. Muito menos envolvimento com organização criminosa e com a prática de um crime", afirmou o advogado Erick Venâncio.

 

O Ministério Público do Acre não quis se manifestar e afirmou que o caso segue em segredo de Justiça.

 

A investigação começou depois que um boletim de ocorrência apontou que o carro de Tranin foi usado em uma tentativa de roubo ocorrido em fevereiro de 2023. No registro, é relatado que uma pessoa acionou a polícia dizendo que dois homens em um carro, em posse de arma de fogo, haviam tentado praticar um roubo na região.

 

A defesa nega que o promotor tenha emprestado o carro para a prática de crime. O advogado de Tranin disse, ainda, considerar criminoso o vazamento de detalhes da investigação que corre sob sigilo.

 

O autor da solicitação para afastar o promotor não foi divulgado. O pedido foi deferido por Angelo Fabiano Farias da Costa, corregedor nacional, e pelos demais corregedores em votação unânime. A autorização é obrigatória por causa do foro privilegiado de Tranin, que atua no Tribunal de Justiça.

 

Titular da 4ª Promotoria Criminal de Execução Penal e Fiscalização de Presídio desde 2019, Tranin foi um dos principais nomes a negociar com os presos durante rebelião no Presídio de Segurança Máxima Antônio Amaro, em Rio Branco, em julho do ano passado.

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