FOLHAPRESS - O prefeito Ricardo Nunes (MDB) não entregou dois terrenos doados por Bruno Covas (PSBD) para a construção de dois hospitais públicos da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) na Vila Clementino, zona sul de São Paulo.

 

Em um dos endereços havia previsão de um centro oncológico. No segundo, localizado no mesmo bairro, seria erguido um centro de saúde para a terceira idade. As obras seriam feitas e administradas pela Unifesp.

 

 

A doação era uma promessa de Covas, autorizada em 2019, mesmo ano que recebeu em o diagnóstico de câncer. O ex-prefeito morreu por complicações da doença em 2021, aos 41 anos.

 

No local, atualmente funcionam dois estacionamentos da prefeitura. Moradores e trabalhadores da região dizem nunca terem visto sinais das obras.

 

Segundo Soraya Soubhi Smaili, ex-reitora da Unifesp e responsável pela negociações na época, Nunes deixou de receber representantes da reitoria para tratar da construção após assumir a gestão.

 

Atual candidato à prefeitura, Nunes era vice e assumiu como prefeito definitivo da capital em maio de 2021.

 

Prefeitura

 

Em nota, a prefeitura afirma que "mantém diálogo contínuo com representantes da Universidade Federal de São Paulo" e que está em análise uma proposta de termo de compromisso entre a universidade e a subprefeitura da Vila Mariana.

 

"Cabe ressaltar que a cessão da área foi aprovada no âmbito do Plano Municipal de Desestatização, que exige o preenchimento de diversos trâmites administrativos, que seguem em curso", acrescenta a nota.

 

Soraya afirma que Covas retirou os locais de uma lista de terrenos da prefeitura à venda para se comprometer com a doação,

 



 

Ainda segundo a ex-reitora, o ex-prefeito também teria convocado uma reunião para assinar e formalizar o ato, mas que o encontro foi adiado pela reitoria para o tratamento de câncer do então prefeito durante a pandemia.

 

O tucano morreu antes da assinatura definitiva, afirma ela, que também é professora titular da Escola Paulista de Medicina da Unifesp.

 

Na rua Diogo de Faria, 799, a doação previa um centro de tratamento de câncer que ofereceria diagnóstico e tratamento da doença. Já na rua Botucatu, 907, um centro para terceira idade com ortopedia, fisioterapia e serviços de reabilitação para idosos.

 

Os dois centros fariam atendimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde), além de pesquisas e residência médica.

 

Em novembro de 2020, uma reunião da CMPT (Comissão do Patrimônio Imobiliário do Município de São Paulo) com a subprefeitura da Vila Mariana já havia dado parecer favorável às duas obras e definido que o hospital oncológico deveria funcionar total ou parcialmente quatro anos após ser oficializado.

 

A Unifesp afirma que os hospitais seriam construídos e financiados com recursos da União, mas que a matrícula dos dois imóveis não foi transferida à universidade. Assim, os hospitais seguem sem previsão de início.

 

"Existe uma demanda enorme para o tratamento do câncer e para tratar de doenças ligadas ao envelhecimento em nossa sociedade cada vez mais envelhecida. Então, a cidade perdeu", diz a ex-reitora.

 

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Até setembro deste ano, 1.831 pacientes aguardam avaliação oncológica na rede municipal, segundo a Secretaria Municipal da Saúde.

 

A pasta afirma que o número é 47% menor em relação a 2023 e que nos últimos dois anos atendeu a 97.182 pacientes no Centro Oncológico Bruno Covas, na Vila Santa Catarina, zona sul.

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