José Daldegan Neto e Maria Luzia Caldeira Daldegan nos primeiros anos casados -  (crédito: Arquivo pessoal)

José Daldegan Neto e Maria Luzia Caldeira Daldegan nos primeiros anos casados

crédito: Arquivo pessoal

Correio Braziliense - Uma história de amor que nem a morte separa marcou um casal de Brasília que será sepultado nesta segunda-feira (28/10). José Daldegan Neto, 95 anos de idade, e a mulher dele, Maria Luzia Caldeira Daldegan, de 92, morreram com menos de 24 horas de diferença. Ele, no sábado (26/10; ela, ontem.

 

Os corpos do casal serão enterrados no Cemitério Campo Esperança, no Distrito Federal, onde moravam José e Maria. "Minha tia sempre dizia que não gostaria de viver um dia sequer sem seu esposo. Ela passou anos acamada, mas só partiu depois que ele se foi", contou à reportagem José Luiz Daldegan, sobrinho do casal.

 

 

José, que estudou letras, e Maria, graduada em pedagogia, se conheceram numa universidade em Belo Horizonte e consolidaram a união em Brasília. Pioneiro, o casal mineiro se estabeleceu na capital federal na década de 1960, depois de Maria passar no primeiro concurso público da Secretaria de Educação do DF.

 

 

"Minha mãe era uma mulher muito à frente de seu tempo. Ela fez o concurso sem contar a ninguém e foi aprovada. Meu pai, apaixonado, largou seu emprego e veio para Brasília. Mais tarde, ele também passou no concurso para professor. Eles foram o 37º casal a se casar aqui no DF, e estão registrados no primeiro livro de casamentos", disse o primogênito deles, José Daldegan Júnior.

 

 

Juntos, tiveram quatro meninos e duas meninas, que criaram com dedicação e amor, transmitindo simplicidade, humildade e fé, relembrou Anne Daldegan, uma das filhas. Ela acrescentou que "Eles eram um casal comum, mas com valores muito sólidos. Nas dificuldades, enfrentavam tudo de maneira especial e celebravam as alegrias com uma espiritualidade muito forte. A prática do Evangelho era uma realidade no nosso dia a dia, não apenas nas palavras, mas nas ações. Conceitos como 'amor ao próximo' não eram apenas ideias abstratas; eram vividos, refletindo uma fé concreta".

 

 

Em 2020, Maria sofreu um AVC isquêmico que comprometeu a fala, além da locomoção. José cumpriu o papel de companheiro, ficando sempre ao lado de Maria, passando tardes juntos, assistindo televisão de mãos dadas. Há duas semanas, ele foi internado por causa de uma pneumonia. Recebeu tratamento intensivo, mas acabou morrendo, sábado. No dia seguinte, a esposa se despediu desta vida. 

 

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Giovanni Daldegan, neto do casal, contou que esse momento é triste, mas muito emocionante. "Toda a família acompanhou esse período em que eles estiveram doentes e precisaram de cuidados. Foi um privilégio ver como eles sempre mantinham uma serenidade inspiradora. Foi uma experiência dolorosa, mas ao mesmo tempo foi muito gratificante poder estar próximo, ajudando-os no que fosse necessário", afirmou.