Um homem está sendo investigado pela Delegacia Especializada no Atendimento ao Idoso de Goiânia (GO) por suspeita de aplicar um golpe milionário na própria sogra, de 65 anos. O suspeito teria lesado a vítima em cerca de R$ 30 milhões ao todo e dizia que utilizaria a quantia em investimentos financeiros.
De acordo com o advogado Leonardo Jubé, representante da idosa - que não teve seu nome divulgado para preservar sua imagem -, o crime foi cometido pelo empresário Arthur Lucena Feira da Silva. O dinheiro reunia todas as economias da vítima e uma herança que recebeu do pai.
Idosa pediu esclarecimentos ao genro
Leonardo contou que a vítima procurou entender sobre os investimentos em 2022 - um ano após o começo do golpe - e que o homem se negou a passar detalhes sobre o dinheiro e que teria sofrido perdas, principalmente em bitcoins. A partir disso, a sogra optou por procurar auxílio jurídico.
Um inquérito policial e uma ação judicial, na esfera cível, estão em andamento contra o empresário. Na ação que tramita no Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) constam apenas as transferências realizadas a partir das contas de pessoa física da sogra, acumuladas em R$ 12 milhões. Os valores das transições feitas das contas jurídicas da idosa seriam mais de R$ 20 milhões.
Jubé disse que “ele [Arthur] respondeu que não tinha contas a prestar, que se trata de uma relação familiar. Diante disso, nos restou ajuizar a ação e a Justiça reconheceu que temos razão em pedir essa prestação de contas”.
Ao tentar rastrear o dinheiro, a defesa da sogra descobriu que o empresário não possui cadastro junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e atuava irregularmente. De acordo com o advogado da vítima, “essa atuação irregular pode configurar um esquema de pirâmide, em que recursos de um investidor são usados para cobrir de outros, numa confusão entre diversas pessoas físicas e jurídicas”.
Segundo a sogra de Arthur, ela teria assinado contratos “sem ler, coisa que nunca havia feito. Agora, só me resta tentar reaver pelo menos parte disso judicialmente”. O empresário também teria lesado indiretamente dois filhos da idosa.
Quando o golpe começou
De acordo com a defesa da sogra, o genro começou a rondar a vítima em 2018, quando iniciou um relacionamento com a filha dela. Em 2021, durante a pandemia, o casal foi morar com a idosa após descobrirem uma gravidez. Na mesma época, ele a convenceu a investir em seus “negócios”.
A vítima comentou que “ele [Arthur] passava o tempo todo ao meu lado. Ele tem o poder de convencimento, acreditei mais nele do que nos meus próprios filhos. Ele sempre dava garantias, dizia que estava tudo bem, tudo dando certo. Ele levou todo o meu valor líquido, tudo o que eu tinha. Não me conformo. Fiz para ele o que jamais fiz em minha vida inteira”.
Segundo o advogado Leonardo, as transferências foram feitas para ajudar o genro a começar a vida empresarial e garantir “um futuro com segurança para a família que estava construindo”.
Uma das primeiras quantias repassadas ao suspeito foi de R$ 5 milhões, destinados para aplicação em bitcoins. Depois disso, o suspeito convenceu sua sogra a realizar novos investimentos, cada vez maiores. A acusação diz que os golpes duraram aproximadamente um ano e meio.
Nota do genro
A defesa de Arthur Lucena Ferreira da Silva manifesta repúdio à exposição midiática de fatos de natureza familiar que se encontram sob análise do Poder Judiciário, sob segredo de justiça. Os representantes do acusado enviaram uma nota à CNN. Confira:
“O Sr. Arthur refuta, de forma categórica, as alegações divulgadas pela mãe de sua esposa, que o acusa de ter se apropriado indevidamente de vultosa quantia em dinheiro.
Cabe esclarecer que, a pedido da mãe de sua esposa, foram, frise-se, em seu nome, realizados investimentos variados, sendo que a maior parte obteve êxito. Uma parcela menor, contudo, não alcançou o retorno esperado. A despeito de não possuir qualquer obrigação legal, o Sr. Arthur, visando preservar a boa convivência familiar, firmou acordo com a Sra. Ana Margarida em dezembro de 2022, efetuando o pagamento de valor superior ao originalmente investido. Esse acordo, que inclui cláusula de confidencialidade e é, maliciosa e sugestivamente, omitido pela referida senhora em sua versão dos fatos.
Ressalta-se que a autointitulada vítima é empresária de sucesso, com formação acadêmica e profissional que a habilitam plenamente a compreender os riscos e benefícios envolvidos nos investimentos que realizou.
Os reiterados insucessos em demandas cíveis ajuizadas por ela ao longo dos últimos dois anos levaram à construção de uma narrativa inverídica, apresentada às autoridades policiais e divulgada pela imprensa.
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O Sr. Arthur Lucena Ferreira da Silva reitera sua confiança na Justiça brasileira e informa que medidas jurídicas já estão em curso para assegurar que a verdade prevaleça e que os responsáveis por acusações infundadas”.