
Paciente em surto é morto pela PM de Goiás após fazer funcionária refém
Pelas redes sociais, familiares do homem se solidarizaram com a técnica de enfermagem, mas criticaram a postura da polícia e do hospital
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Siga noRIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Um paciente do Hospital Municipal de Morrinhos, no interior de Goiás (a 130 quilômetros de Goiânia), foi morto pela Polícia Militar (PM) após fazer uma técnica de enfermagem refém e ameaçá-la com um pedaço de vidro, segundo informações divulgadas pela corporação.
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A PM afirmou que o homem estava em surto psicótico. O caso ocorreu na unidade de terapia intensiva (UTI) da instituição na noite de sábado (18/1).
Nas redes sociais, a família do paciente, identificado como Luiz Cláudio Dias, de 59 anos, se solidarizou com o drama vivido pela profissional de saúde, mas criticou a postura da polícia e do hospital.
Os parentes falam em buscar justiça e chamam a situação de "violência brutal" contra o homem.
"Não apenas Luiz Cláudio foi negligenciado; a segurança da enfermeira e de todos os envolvidos também foi colocada em risco por ações e omissões que demonstram imprudência, negligência e imperícia do estado", diz o texto.
Imagens compartilhadas nas redes sociais mostram o homem segurando a refém enquanto policiais tentam conversar com ele. O paciente mantém um objeto na altura do pescoço da funcionária.
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Em seguida, os dois se movimentam, até que um dos policiais faz um disparo contra o homem.
Em nota, a PM declarou que os agentes adotaram protocolos de gerenciamento de crise para tentar liberar a vítima, mas disse que o paciente permaneceu com "atitude agressiva", reiterando as ameaças.
Na visão da polícia, o tiro foi necessário devido ao "risco iminente" para a trabalhadora. Segundo a corporação, os objetivos eram neutralizar a agressão e resguardar a integridade física da refém.
"Mesmo alvejado, o autor continuou resistindo, sendo necessária a sua contenção pelos demais policiais militares. A equipe médica prestou socorro imediato, mas infelizmente ele não resistiu aos ferimentos e veio a óbito", afirmou a PM.
O texto em nome da família de Luiz Cláudio foi compartilhado nas redes sociais neste domingo (19/1) por um filho dele, Luiz Henrique Dias.
O comunicado afirma que o pai era um paciente renal crônico, diabético, debilitado por pneumonia e internado em estado de extrema fragilidade. "Em um momento de surto hipoglicêmico, ele ameaçou uma enfermeira com um caco de vidro. A família lamenta profundamente o medo vivido pela profissional de saúde e manifesta sua solidariedade, reafirmando que nenhum trabalhador deveria passar por situações que coloquem em risco sua segurança", diz.
"Entretanto, é imprescindível contextualizar os fatos de maneira justa e equilibrada. Luiz Cláudio, fisicamente enfraquecido, foi rendido e imobilizado. Mesmo nessas condições, foi pisoteado e executado à queima-roupa por dois policiais, de forma desproporcional, cruel e absolutamente inadmissível", acrescenta.
Após a morte do pai, Luiz Henrique também publicou vídeos em que manifestou revolta com a polícia e o hospital. Ele chegou a se queixar de falta de apoio psicológico após o caso.
"A polícia matou meu pai dentro da UTI, um paciente com hipoglicemia, com menos de 60 kg, fragilizado, e nós aqui aguardando para reconhecer o corpo. Que desumanidade", afirmou. "Matar um paciente com hipoglicemia por erro médico, de equipe, de enfermagem, e a polícia dá um tiro dentro da UTI. Que responsabilidade é essa?", questionou.
A reportagem tentou contato com Luiz Henrique, mas não recebeu retorno até a publicação deste texto. Também procurou o Hospital Municipal de Morrinhos, mas não obteve resposta da instituição.
"Informamos que a gestão da UTI onde o fato aconteceu é de responsabilidade de uma empresa terceirizada, com contrato vigente até março de 2025", disse a Prefeitura de Morrinhos em nota.
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No mesmo comunicado, a administração municipal afirmou lamentar profundamente o caso e expressou solidariedade com a família enlutada.
O município prometeu que será oferecido acompanhamento psicológico e social tanto para os parentes quanto para a profissional de saúde e os demais envolvidos na situação.
A prefeitura também declarou que o paciente estava em surto psicótico. "Em virtude da gravidade da situação e do iminente risco à vida da profissional, a Polícia Militar foi acionada para conduzir as negociações. Diante da infrutífera negociação, a Polícia Militar realizou um disparo que ocasionou o óbito do paciente", afirmou o município.
Segundo a PM, a ocorrência foi acompanhada por delegado plantonista que conduzirá as investigações cabíveis. A corporação confirmou a abertura de um procedimento administrativo para apuração dos fatos.