Raquel Gallinati
Delegada de polícia. Pós-graduada em Ciências Penais, em Direito de Polícia Judiciária e em Processo Penal. Mestre em Filosofia. Diretora da Associação dos Delegados de Polícia (Adepol) do Brasil. Embaixadora do projeto Mulheres no Tatame e Instituto Pró-Vítima

 

Estamos vivendo um mundo marcado por conflitos armados e as consequências para as mulheres em zonas de guerra frequentemente passam despercebidas. Mulheres que vivem nessas áreas enfrentam desafios inimagináveis, incluindo violência e violações constantes de seus direitos humanos. Uma situação complexa e multifacetada. Elas são frequentemente alvo de violência sexual, tráfico humano, casamentos forçados e outras formas de abuso. Essas violações são não apenas agravadas pelo conflito em si, mas muitas vezes utilizadas como armas de guerra para intimidar, humilhar e desestabilizar comunidades. As mulheres são frequentemente forçadas a fugir de suas casas, abandonando suas vidas e sustento.


Existem organizações e iniciativas comprometidas com a proteção e o apoio a essas mulheres. Uma das mais notáveis é a Resolução 1.325, do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), adotada em 2000. Esta resolução reconhece o impacto desproporcional dos conflitos sobre as mulheres e destaca a necessidade de sua participação nas negociações de paz e na tomada de decisões.
Além disso, organizações não governamentais e grupos locais desempenham um papel crucial na assistência às mulheres em zonas de conflito. Eles oferecem refúgio, serviços médicos, apoio psicossocial e oportunidades de empoderamento econômico. A conscientização global e a mobilização são essenciais para garantir que essas iniciativas recebam o apoio necessário.


As experiências documentadas das mulheres em zonas de conflito devem servir de pressão por políticas mais eficazes que protejam seus direitos humanos. Ao entender melhor os desafios que essas mulheres enfrentam, estratégias devem ser mais direcionadas e eficazes para protegê-las.


As mulheres que desempenham o papel de mães ou chefes de família frequentemente se encontram entre os grupos mais vulneráveis em contextos de conflitos armados em diversas regiões do mundo. No entanto, acima de tudo, são heroínas que, em muitas ocasiões, asseguram o destino de seus filhos e entes queridos. Elas desempenham essa função não apenas como guardiãs inerentes de seu papel materno, mas também como tias e mentoras. Além disso, fornecem uma fonte de esperança em relação a um mundo melhor, mesmo em meio a consideráveis instabilidades e violações do direito internacional humanitário.


A situação das mulheres em zonas de conflito é uma questão de urgência. Urge um mundo mais justo e seguro para todas as mulheres, onde o sofrimento em tempos de guerra seja minimizado e suas vozes sejam ouvidas e respeitadas.