Stefan D’Amato
Economista responsável pelo Núcleo de Estudos Econômicos da Fecomércio MG
Ao analisarmos os dados do Censo de 2022 disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é possível identificar padrões significativos relacionados ao envelhecimento da população, ao crescimento demográfico e à distribuição da população por sexo (considerando o sexo ao nascimento). Além disso, torna-se evidente que existem diferenças notáveis ao comparar a estrutura populacional do Brasil como um todo com a do estado de Minas Gerais.
No cenário nacional, observa-se um crescimento populacional anual de 0,52% em relação ao Censo de 2010. Esse aumento representa uma desaceleração considerável quando comparado ao período de 2000 a 2010, no qual o crescimento atingiu 1,15%. Essa diminuição na taxa de crescimento sugere a possibilidade de que, caso essa tendência persista e não haja um aumento expressivo na taxa de natalidade, a população brasileira poderá encolher em um futuro próximo.
Minas Gerais segue uma tendência semelhante, apresentando uma desaceleração ainda mais pronunciada em seu crescimento populacional. O estado registrou um aumento anual de apenas 0,47% em comparação ao último Censo, o que corresponde a um acréscimo de 942.659 pessoas. Isso contrasta com o período de 2000 a 2010, quando Minas Gerais teve uma taxa de crescimento de 0,90%, também inferior à média nacional.
Ao analisar a distribuição da população por sexo, notamos um diferencial positivo na participação das mulheres, atingindo 51,5% a nível nacional e 51,2% no âmbito estadual. No que diz respeito ao índice de envelhecimento, que é a relação entre a população de 65 anos ou mais e a população de 0 a 14 anos, expresso como um valor multiplicado por cem, observamos o seguinte cenário: i) em âmbito nacional, para cada cem pessoas de 0 a 14 anos, há aproximadamente 55 pessoas com 65 anos ou mais; e ii) no contexto estadual, o índice de envelhecimento é de cerca de 69 pessoas. Estas informações indicam que a população do estado de Minas Gerais em comparação ao Brasil tem uma população mais envelhecida.
Ao analisar a parcela da população com 65 anos ou mais, a proporção de mulheres aumenta para 56,6% no Brasil e 55,6% em Minas Gerais. Além disso, ao desagregar por sexo, obtemos os seguintes valores para o índice: i) para a população feminina, há cerca de 64 mulheres com 65 anos ou mais para cada grupo de cem mulheres com 0 a 14 anos no Brasil, enquanto em Minas Gerais, esse valor é próximo de 78; ii) no caso da população masculina, o índice é de cerca de 47 no Brasil e 60 em Minas Gerais. Isso reforça a ideia de que a população de Minas Gerais é mais envelhecida do que a média nacional, independentemente do sexo.
Diante desse cenário, é fundamental considerar as mudanças que ocorrerão para evitar impactos negativos. A transformação na estrutura populacional deve ser vista como uma oportunidade para melhorar a qualidade de vida e criar novas oportunidades no mercado de trabalho, bem como na reestruturação da produção em nível nacional e estadual. É importante notar que o setor de serviços desempenha um papel crescente na economia, independentemente do estágio de desenvolvimento, e desempenha um papel fundamental no desempenho econômico tanto em nível nacional quanto regional.
Uma das preocupações que as empresas podem enfrentar está relacionada à escassez de mão de obra qualificada ou com conhecimento técnico adquirido por profissionais mais experientes. Esse impacto pode afetar diretamente a receita das empresas, aumentando os custos relacionados ao desenvolvimento de colaboradores mais jovens, seja por meio de tempo de serviço ou treinamentos e qualificações necessários.
É importante destacar a consolidação das mudanças nos padrões de consumo, com o público feminino acima de 65 anos ganhando cada vez mais relevância, devido ao autocuidado e às ações preventivas. As empresas devem estar atentas a essa mudança de padrão de consumo e considerar a oferta de produtos e serviços que atendam às necessidades das mulheres com mais de 65 anos, que, ao longo dos anos, apresentaram melhora no poder de compra.
No que diz respeito aos impactos nas estruturas e políticas governamentais, vários pontos estão sendo considerados, incluindo a necessidade de ajustar o sistema de previdência, que representa um desafio de longo prazo devido ao aumento da expectativa de vida e à redução da taxa de crescimento populacional. Além disso, é importante reconhecer o impacto significativo no Sistema Único de Saúde, considerando o cenário mencionado. Essas pessoas terão diversas demandas, desde a requalificação para reintegração no mercado de trabalho atual até o aumento da busca por viagens, lazer, cursos, acesso à cultura e atividades relacionadas à inclusão digital.