A esperança sempre foi a marca do brasileiro. Num país tão desigual, o sonho de uma vida melhor está presente na maior parte da população. A chegada de um novo ano sempre reforça esse desejo. A sensação de que um futuro promissor está próximo se torna mais forte. Pois que governo e sociedade se unam para a construção de um Brasil que, efetivamente, seja rico em oportunidades e não discrimine pessoas por questão de gênero, por opção sexual, pela cor e mesmo pelo viés político, desde que respeitadas as regras democráticas. É a pluralidade a maior riqueza de uma nação, por ser inclusiva e tolerante.
Nos últimos anos, o país mergulhou no escuro, em que o ódio e o desrespeito se tornaram marcas. O Brasil caloroso, simpático, cordial deu lugar à divisão, com famílias e amigos rompendo relações movidos pela ideologia. Não é esse o caminho para uma nação que tanto anseia pela prosperidade. Os desafios colocados tanto do ponto de vista econômico quanto do social são tão grandes, que não há espaço para a desunião. Muito pelo contrário. A população brasileira, sobretudo a mais carente, necessita que as divergências sejam colocadas de lado e um amplo projeto de reconstrução nacional saia do discurso para a prática.
O Brasil, como mostram todas as estatísticas, está envelhecendo rapidamente. As demandas da sociedade daqui por diante serão enormes na área da saúde. Não se pode permitir que gerações que contribuíram para o país que se tem hoje sejam empurradas para a vulnerabilidade, sem o mínimo de dignidade.
Infelizmente, o Brasil perdeu o chamado bônus demográfico, período em que a maior parte da população está em idade ativa, com capacidade para gerar e acumular riqueza para o futuro. Cabe, portanto, a todos encontrar os caminhos alternativos e seguros que garantirão o tão propalado Estado do bem-estar social.
Sabe-se que todo o percurso passa por uma educação de qualidade. O país precisa proporcionar às novas gerações um estudo transformador, em especial às meninas que, quando afastadas das escolas, acabam, muitas vezes, perpetuando a pobreza. A realidade está escancarada em relação a esse quadro dramático. A maior parte das crianças que nascerão nos próximos anos virá de famílias menos abastadas. Por isso, quanto melhor for a qualidade do ensino nos colégios públicos, maiores serão as chances de esses meninos e meninas ultrapassarem as barreiras impostas pelas desigualdades.
Há exemplos de sobra no mundo de que é possível se construir um país mais justo. Mas isso requer vontade política e, principalmente, uma sociedade que tenha a consciência de seus direitos e deveres. Os brasileiros não podem se contentar com o mínimo e normalizar as péssimas condições de vida, a falta de oportunidades, a violência que atinge, em especial, pretos e pobres. Ainda é possível virar as páginas do atraso, às quais os privilegiados se apegam, para que o fosso das diferenças sociais diminua. O impacto da melhor distribuição de renda sobre a economia é impressionante, pois beneficia consumidores, empresas e governo. É esse o Brasil do futuro.
O novo ano está batendo à porta de todos. E não se trata apenas da virada de página do calendário. É um momento de reflexão sobre tudo o que foi feito e sobre o que está por vir. Os erros devem servir de lição e não se repetirem. Os acertos são a base da estrutura que prevalecerá de um país em que todos tenham vozes e sejam ouvidos. O Brasil tem tudo para mostrar ao mundo que pode mudar a história para melhor. Basta seguir o bom-senso, com fortalecimento da democracia, preservação ambiental, melhor gestão dos recursos públicos, política econômica consistente e, claro, valorização de um povo esperançoso, criativo e com uma cultura riquíssima. Que 2024 seja um marco para o país. Feliz ano novo!