A humanidade e a inteligência artificial em 2024

O que ainda não se sabe são os impactos reais à saúde mental, às conexões do nosso cérebro, que parece ficar mais descansado, diante de tamanha rapidez proporcionada pelo uso de ferramentas externas

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PRISCILA REIS*

O ano de 2023 foi marcado pelos rápidos avanços proporcionados pela inteligência artificial (IA). No Brasil, vimos até mesmo lei sendo escrita pelo ChatGPT e aprovada por vereadores em Porto Alegre. Afinal, são diversas as funcionalidades dos sistemas de IA generativa, utilizados para geração de texto, imagem ou mesmo vídeos. Com parâmetros sendo constantemente ajustados, visando entregar conteúdos mais éticos, e mais casos de uso sendo divulgados, a utilização de IA no dia a dia passa a se tornar comum, a ponto de já não mais nos imaginarmos sem o apoio dessa tecnologia. No trabalho, o aumento de produtividade e ganho de eficiência em determinadas tarefas é notório. Designers, advogados, produtores de conteúdo, são apenas exemplos de profissões que antes se sentiam ameaçadas pela tecnologia, e que agora começam a enxergá-la como uma grande aliada. São os benefícios da aprendizagem e manuseio de ferramentas de IA.

Mas o que ainda não se sabe são os impactos reais à saúde mental, às conexões do nosso cérebro, que parece ficar mais descansado, diante de tamanha rapidez proporcionada pelo uso de ferramentas externas. Seria a chance de limparmos o nosso "HD mental" para ocupá-lo com outras coisas que queremos aprender e não tínhamos tempo? Ou seria esse o lado sombrio da tecnologia que parece ter começado com um simples chat, embora já fizesse parte das nossas vidas há muito tempo, e agora tornou-se um gigante. Sem falar no potencial destrutivo das fake news, aumentado exponencialmente devido à IA generativa, que devem “agitar” as redes sociais em 2024.

Notórios também serão os impactos a longo prazo em modelos de negócios consolidados, como aqueles que dependem de produção de conteúdo original e publicidade digital, a exemplo de veículos de comunicação online. Não fosse isso, o jornal americano "The New York Times" não teria processado a OpenAI, criadora do ChatGPT, por violação à propriedade intelectual, e não estaria pedindo em juízo para que todos os modelos GPT e outros que incorporem conteúdo do jornal fossem destruídos. Se julgada procedente, estamos falando em morte dos GPTs atuais, já que não é tecnicamente possível apagar da memória dos modelos apenas determinados dados utilizados para treinamento. Será que a sociedade aceitaria essa decisão em favor de uma empresa, ainda que tivesse suporte numa lei de direitos autorais produzida em outros tempos, em outra era?

O novelo da inteligência artificial que começou a ser formado em 2022 e ganhou robustez em 2023, agora parece um emaranhado de linhas positivas e negativas para a sociedade. A preocupação sobre os avanços desenfreados da IA chegou até mesmo no Vaticano, motivando a mensagem do papa Francisco para o Dia Mundial da Paz, celebrado no primeiro dia do ano de 2024: "Os avanços tecnológicos que não conduzem a uma melhoria da qualidade de vida da humanidade inteira, nunca poderão ser considerados um verdadeiro progresso".

Assim, para 2024, espera-se que possamos manter o ritmo da inovação, fazendo uso de recursos regulatórios inteligentes, ou mesmo recorrendo à autorregulação, para que a tecnologia possa avançar de forma ética e responsável, e entregar todo o seu potencial, melhorando a vida de todos os humanos, e não apenas de uma parcela da população, privilegiada pelo acesso à informação e aos próprios recursos tecnológicos baseados em IA. 

*Advogada, mestre e doutoranda em Tecnologias da Inteligência e Design Digital com ênfase em Inteligência Artificial pelo TIDD/PUC-SP. Cofundadora da consultoria Layer Two, focada em preparar profissionais e empresas para incorporar inteligência artificial e blockchain aos seus negócios

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