Passado o sufoco do fim do ano passado e do início de 2024, engana-se quem acredita que o brasileiro – e aqui estão incluídas todas as classes sociais – esteja respirando aliviado quando o assunto são as finanças. Um levantamento feito por duas fintechs mostra que o dinheiro acaba antes do fim do mês para 63% dos trabalhadores com carteira assinada.


Para chegar a esse diagnóstico, a Zetra e a SalaryFits ouviram brasileiros registrados em carteira na iniciativa privada, funcionários públicos e pessoas jurídicas de todo o Brasil, com 22 anos ou mais, das classes A, B e C.


De todo esse universo, mais de 60% afirmaram não ter recursos suficientes para comprar ou pagar o básico. Esse índice mostra um panorama um pouco melhor do que foi verificado em 2021, quando na pandemia 66% das pessoas enfrentaram essa difícil realidade. Em 2019, o percentual era de 58%, o que mostra o impacto do coronavírus na condição financeira dos entrevistados.


A pesquisa apresenta ainda um problema de falta de planejamento financeiro até mesmo em cargos de alto escalão: 55% daqueles que pertencem a famílias cuja renda está acima de 20 salários mínimos, ou seja, uma quantia superior a R$ 26 mil, são os que mais enfrentam dificuldades para chegar ao fim do mês com dinheiro no bolso. E tem mais: a falta de recursos acomete principalmente as mulheres (em 66% dos casos). Já em relação à faixa etária, os jovens até 30 anos lideram a lista, representando 47%.
Outro ponto interessante do estudo é que os gastos pessoais foram divididos em três tipos: essenciais, necessários e supérfluos. O último grupo, das despesas desnecessárias, inclui gastos como renovação da academia ou do clube, viagens, artigos de luxo, tratamentos estéticos e bebidas alcoólicas. Os consumos necessários ou “inevitáveis” envolvem combustível do carro, assinatura da TV a cabo ou ainda de uma plataforma de streaming, por exemplo.


Já os custos essenciais concentram despesas realmente indispensáveis, como moradia (aluguel, condomínio), alimentação básica, higiene, impostos, saúde, energia elétrica, internet, gás, transporte, manutenção da casa e seguros. E são exatamente por esses gastos, que não são poucos, que, no fim do mês, muitos brasileiros não têm diversão.


A pesquisa também demonstrou que se os funcionários passam por dificuldades financeiras, consequentemente as empresas em que atuam deixam de produzir e lucrar de maneira eficaz, o que pode refletir diretamente na prosperidade ou no fracasso dos negócios.


Diante da falta de recursos, esses 63% de trabalhadores acabam recorrendo ao cartão de crédito ou a serviços extras (24%). Por sua vez, 16% entram no cheque especial, com taxas médias de juros de 7,96% ao mês, para complementar a renda, e 10% dos empregados utilizam empréstimos bancários para cobrir as despesas.


Resumindo: a mais de 10 dias do fim do primeiro mês de 2024, a grande maioria dos brasileiros não só está endividada, como também ainda tem pela frente outras despesas, como as parcelas do IPVA, IPTU, matrículas escolares e o resto do planejamento do ano. E haja planejamento. 

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